terça-feira, 30 de julho de 2013

EX-GOVERNADOR DE SÃO PAULO DEPÕE NO PROCESSO DO CARANDIRU E DIZ QUE POLÍCIA MILITAR TINHA A OBRIGAÇÃO DE AGIR

Luiz Antônio Fleury, ex-governador de São Paulo, depôs nesta terça-feira durante a segunda etapa do julgamento dos policiais militares que invadiram o Pavilhão 9 da Penitenciária do Carandiru, e reiterou as declarações fornecidas durante o primeiro julgamento, ocorrido em abril. Ele informou que não estava na capital paulista no dia no massacre, mas, se precisasse, teria dado a ordem de ingresso da Polícia Militar no Pavilhão 9 do presídio. "A responsabilidade política da decisão era minha. No meu governo não tinha preso jogando futebol com cabeça de preso morto e com polícia assistindo", disse ele. Fleury lembra que os fatos ocorreram na véspera das eleições municipais, e ele estava na cidade de Sorocaba, interior do Estado. Ele contou que percorria a cidade com um candidato do município. Fleury disse ter recebido informações sobre a ocorrência de uma rebelião em São Paulo, mas que "as coisas estariam sob controle", disse. Como não existia celular naquela época, havia dificuldade de comunicação. Depois do almoço, o ex-governador relatou que decidiu retornar a São Paulo de helicóptero. Porém, naquela tarde chuvosa, a viagem que era para durar apenas 20 minutos, durou uma hora. "Cheguei no Palácio dos Bandeirantes e já haviam ocorrido os fatos, a entrada da Polícia Militar", disse ele. Em contato por telefone com o secretário de Segurança Pública na época, Pedro Franco de Campos, recebeu a informação de que havia três juízes de direito presentes no presídio. As circunstâncias descritas pelo ex-secretário, segundo Fleury, indicavam que a entrada da Polícia Militar era necessária. "A polícia tinha obrigação legal de agir", declarou. No dia da rebelião havia 1,2 mil presos no Pavilhão 9. Fleury disse que os números sobre mortos que chegavam, naquele momento, eram desencontrados. "No final, o secretário foi me informando do número de mortes e eu fui dormir com a ideia de 60 mortos. No dia seguinte, quando fui votar, a imprensa me indagou se eram mais de cem. Disse ao secretário para dizer a quantidade de mortos só quando tivesse certeza", disse ele. A quantidade real de mortes, 111, só foi divulgada após o fechamento das urnas eleitorais. Fleury destacou, porém, que não houve intenção de abafar esses dados.

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