terça-feira, 2 de julho de 2013

ACABA INVASÃO E OCUPAÇÃO DA CÂMARA DE VEREADORES DE SANTA MARIA, CIDADE QUE VIVE NO ESTUPOR

Os manifestantes que invadiram  e ocupavam, há seis dias, a Câmara de Vereadores de Santa Maria, deixaram o local nesta segunda-feira. Eles saíram do prédio após a negociação que levou à assinatura de um termo de compromisso pelo presidente da Câmara, vereador Marcelo Zappe Bisogno (PDT), comprometendo-se a demitir, em até 30 dias, o procurador jurídico da Casa, Robson Zinn, que também é presidente municipal do PMDB, mesmo partido do prefeito do município, Cezar Schirmer. Ou seja, o tal governo de coalizar de Schirmer está desmoronando completamente. No documento, os parentes das vítimas do incêndio ocorrido na madrugada de 27 de janeiro na boate assassina Kiss dizem que não se opõem à continuidade do trabalho da CPI que investiga a tragédia. O prazo limite para apresentação do relatório final é esta quarta-feira. Mas, os familiares das vítimas deixaram claro que gostariam de ver a renúncia de três vereadores que integram a CPI: Maria de Lourdes Castro (PMDB), Sandra Rebelato (PP) e Tavores Fernandes (DEM), todos da "base aliada" de Cezar Schirmer, e que trabalham para isentá-lo de qualquer responsabilidade no incêndio da boate assassina Kiss. "Tínhamos duas pautas, a anulação da CPI e  a saída do procurador da Câmara. Entendemos que poderíamos deixar a CPI acabar, porque o prazo é esta semana, e resolvemos negociar a saída do procurador no prazo máximo de 30 dias", disse o presidente da Associação de Familiares de Vítimas e Sobreviventes da Tragédia de Santa Maria, Adherbal Ferreira. Cerca de 300 pessoas ocupavam a Câmara desde o dia 25 de junho. De acordo com Adherbal Ferreira, a ocupação começou após o vazamento de uma conversa entre a presidenta da CPI, a peemedebista Maria de Lourdes, o vice-presidente, Tavores Fernandes (DEM), e um assessor, que avaliavam a possibilidade de pedir o indiciamento do secretário de Relações de Governo e Comunicação de Santa Maria, Giovani Mânica, e do prefeito Cezar Schirmer. Segundo Adherbal Ferreira, o procurador da Casa, o peemedebista Robson Zinn, articulava para que a investigação não atingisse o Executivo Municipal. Disse Adherbal Ferreira: "Chegamos a reunir mais de 35 mil pessoas em um protesto. As pessoas não aguentam mais ver essa impunidade". Robson Zinn afirma que o que está por traz da ocupação da Câmara é uma manobra política da oposição. O advogado e presidente do PMDB de Santa Maria disse que a situação em torno da ocupação do prédio do Legislativo chegou a um ponto que coube a ele tomar a iniciativa. Zinn criticou a inoperância do presidente da Casa, Marcelo Bisogno (PDT), em resolver o impasse em torno da permanência dos manifestantes no Centro Democrático Adelmo Simas Genro, que durou seis dias. "Eu me vi numa situação em que alguém precisava tomar alguma iniciativa. Em reunião com a base governista, com a presença do PMDB, PP, DEM, PTB e PR eu coloquei o meu cargo à disposição, mesmo que os vereadores da bancada demonstrassem contrariedade à minha saída. O anúncio de saída do cargo só ocorreu porque quem deveria mediar o fato não o fez", O que ninguém diz é o que está por trás disso tudo. Zinn preside o PMDB loocal, que tem um candidato a deputado, o secretário de Obras, Tubias Kalil, o grande "quebra galho" do prefeito Cezar Schirmer. Ele foi o encarregado de conseguir advogado para Schirmer (Lucio de Constantino) e levantar o dinheiro junto ao empresariado para pagar as altas custas advocacias e outros gastos. Então é preciso tirar do caminho o vereador trabalhista Marcelo Bisogno, também candidato natural a deputado, e um campeão de votos (ele conseguiu cerca de 9.000 votos  para vereador). Já a demissão do secretário de Relações de Governo e Comunicação de Santa Maria, Giovani Mânica (PP) tem outra explicação. Ele pediu para sair porque seu partido está antevendo a possibilidade de conseguir a prefeitura de Santa Maria para o vice, José Farret, que é do partido. Robson Zin tem bastante proximidade com o empresário Mario Gaiger, até hoje presidente da Fundae (ele não consegue largar a presidência porque já convocou eleições quatro vezes, e ningém se apresentou para concorrer à direção dessa fundação, que tinha contrato com o Detran para a realização de exames de motoristas). Mário Gaiger é dono de um edifício galeria em Santa Maria, no qual funciona a sua joalheria, a Gaiger òtica e Joalheria. Anos atrás, a joalheria foi assaltada. Os ladrões levaram jóias e deixaram o empresário Mário Gaiger preso no cofre, localizado no segundo andar. Robson Zinn defendeu os assaltantes. Como ele recebeu os seus honorários? Dizem em Santa Maria que ele e Mário Gaiger conversaram muito sobre jóias. Na época do assalto à sua joalheria, Mário Gaiger era da equipe de arrecadação financeira para a primeira campanha eleitoral de Cezar Schirmer na disputa pela prefeitura de Santa Maria, a que ele perdeu. Mário Gaiger foi diretor financeiro da FATEC (outra das fundações que manteve contrato com o Detran para a realização de exames de motoristas) entre julho de 2003 e maio de 2007. A FATEC era uma entidade poderosa, chegou a ter cerca de 600 contratos de pesquisa e movimentava mais de 100 milhões de reais por ano. A FATEC fazia até certificação de remédio genérico. Todo o amendoim importado pelo Brasil, por exemplo, só ingressava no País após atestado pelo FATEC. Mário Gaiger saiu da FATEC e foi ser presidente da FUNDAE em 2006. Lá ele foi assessorado por Sérgio Blattes. Os dois são caciques do cursilhismo da Igreja Católica no Brasil. Há mais nessa história, muito mais. Tudo contribui para mostrar o estupor em que vive a cidade de Santa Maria desde a eclosão da Operação Rodin, armada pela República de Santa Maria, chefiada pelo então ministro da Justiça, o comandante da polícia política do PT, a Polícia Federal, conforme denúncias documentadas no livro de João Luiz Vargas, ex-presidente da Assembléia Legislativa do Rio Grande do Sul e do Tribunal de Contas. Após a Operação Rodin, nada mais dá certo em Santa Maria, inclusive na vida familiar de membros da República de Santa Maria.

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