terça-feira, 11 de junho de 2013

PARTE DO DINHEIRO DO CASO COMUNICORE, DESVIADO DA PREFEITURA DE LIMA, DESAPARECE COM GENTE DO TRÁFICO DE DROGAS DA COLÔMBIA, E PASSA PELO GRUPO SOLVI, DONO DA RELIMA E DA REVITA

Jornais do Peru, entre eles o La República e Peru21 publicaram dezenas de matérias que tratam do caso “Comunicore”. O blog Máfia do Lixo repercutiu alguns desses textos para que os leitores brasileiros tivessem detalhes do famoso caso Comunicore, o qual teve monumental dimensão no Peru, passando pela Colômbia, e chegando até o Brasil. Os leitores do blog Máfia do Lixo tiveram a oportunidade de ler os textos “Caso Comunicore - operação entre concessionária de lixo e empresa fantasma faz sumir com milhões de soles da ‘Municipalidad Metropolitana de Lima’”, em 03/06/2012; “Jornalista do Caso Comunicore mostra passo a passo a operação entre a concessionária de lixo e a empresa fantasma”, em 05/06/2012; “Caso Comunicore no Peru repercute em Porto Alegre”, em 21/06/2012; “Lixo contribuiu para a derrota de candidato a presidente do Peru em 2011”, publicado em 11/09/2012. A “Municipalidad Metropolitana de Lima” acumulou uma dívida de 35,9 milhões de soles, o equivalente a R$ 28.052.260,00 (vinte e oito milhões, cinquenta e dois mil e duzentos e sessenta reais), com a concessionária RELIMA. Após sete anos de tratativas com a “Municipalidad Metropolitana de Lima” para liquidação da dívida, uma decisão da Justiça Arbitral proporcionou um acordo. Em dezembro de 2005, a concessionária acordou em receber a dívida de 35,9 milhões de soles, de forma fracionada, em um prazo de 10 anos. Inacreditavelmente, em 20 de dezembro de 2005, a concessionária Relima Ambiental S/A, pertencente ao grupo econômico brasileiro SOLVÍ, negociou uma dívida contraída pela Prefeitura de Lima, no Peru, com a empresa fantasma Comunicações Corporativas S/A – Comunicore, pelo montante de 14,6 milhões de soles, ou convertendo Soles em Real na data de 11/06/2013, tem-se o valor milionário de R$ 11.408.440,00 (onze milhões, 408 mil e quatrocentos e quarenta reais). A empresa Relima Ambiental S/A que vem a ser a concessionária dos serviços de limpeza pública, destinação final dos resíduos sólidos e manutenção de áreas verdes dos distritos peruanos de Cercado de Lima, San Isidro e Miraflores, aceitou receber o total de R$ 11.408.440,00 (onze milhões, 408 mil e quatrocentos e quarenta reais) equivalente a 14,6 milhões de soles do montante total de R$ 28.052.260,00 (vinte e oito milhões, cinquenta e dois mil e duzentos e sessenta reais) ou 35,9 milhões de soles, sem ter qualquer garantia de que seria ressarcida do valor negociado com a empresa fantasma Comunicore. A empresa fantasma Comunicação Corporativa e Representações SA (Comunicore) tinha como dirigente Rafael Santiago Ruiz Contreras (presidente), Henry Brachowicz Fernando Vela (Diretor-Gerente Geral), José Luis Ramon Pinillos Broggi (diretor) e Álex Montoya Aguero (gerente financeiro). A concessionária RELIMA, que tinha por gerente geral o brasileiro Odilón Gaspar Júnior Amado, concedeu uma redução de R$ 16.643.820,00 (dezesseis milhões, seiscentos e quarenta e três mil e oitocentos e vinte reais) equivalente a 21,3 milhões de soles, de deságio em benefício a empresa Comunicore. Em 27 de dezembro de 2005, uma semana após a negociação entre a RELIMA e a empresa fantasma Comunicore, a concessionária responsável pelos serviços de limpeza urbana do Cercado de Lima, comunicou a “Municipalidad Metropolitana de Lima” da venda milionária da dívida de 35,9 milhões de soles. Em 03 de janeiro de 2006, apenas cinco (5) dias após ter sido noticiada da negociação, a “Municipalidad Metropolitana de Lima” comunica a empresa fantasma Comunicore da liquidação da dívida de 35,9 milhões de soles. Desses 35,9 milhões de soles pagos a Comunicore, 15,4 milhões de soles foram parar nas contas correntes de funcionários da concessionária RELIMA. Certamente uma operação previamente acertada. O correspondente a 16 milhões de soles foram sacados do banco, por pessoas humildes, recrutadas no Distrito de Comas e Callao, e o dinheiro entregue a um operador cujo sobrenome se conhece por “Vila”. Pelo menos 30 pessoas que residem em Comas, e outras 17 em Callao, em troca de uma "propina", sacaram por meio de cheques a quantia milionária. Fontes que trabalhavam com a Comunicore garantiram que, em poucas semanas, executivos da Comunicore e outros, fizeram várias transferências de dinheiro para o Exterior. Após essa operação de desvio de dinheiro público da “Municipalidad Metropolitana de Lima”, a empresa Comunicore simplesmente desapareceu, por isso é considerada “fantasma”. A Comunicore após a relação com a empresa RELIMA e o recebimento do dinheiro do lixo da Prefeitura de Lima, acabou sumindo, deixando apenas um rastro, que passa pela falsificação de documentos para o encerramento de suas atividades comerciais que nunca existiram no mercado peruano. O caso Comunicore foi profundamente investigado pelo Gabinete da Controladoria Geral e pelo Ministério Público do Peru, que identificaram os envolvidos, desde os sócios, diretores, gerentes e operadores na transferência do dinheiro do lixo. O resultado dessa investigação foi encaminhado a Justiça do Perú. O processo criminal do caso Comunicore tem por Juiz Criminal Nelly Aranda Palha e tramita ainda hoje. Conforme os jornais Peru21 e La República, a Justiça do Peru abriu processo penal contra quinze (15) réus pelo pagamento de 35,9 milhões de sóis a Comunicação Corporativa e Representações SA (Comunicore). Os réus são: Anjo Alfonso Perez Rodas, Juan Gilberto Blest Garcia, Carlos Manuel Chavez Malaga, Carlos Manuel Asmat Cyer, Rodolfo Merino Ulises Rojas por crime de conluio, Odilón Gaspar Júnior Amado (brasileiro, gerente geral da empresa Relima do grupo SOLVÍ), Miguel Angel Garro Barrera, Guillermo Alfonso Palacios Dodero, Rafael Santiago Ruiz Contreras e Fernando Brachowicz Henry Vela, como supostos cúmplices em conluio, Sergio Guerra, Daniel Julien Arias Donayre, José Luis Pinillos Broggi, Joule Handi Arturo Gonzalo Vila Vila e Pousadas Noya como supostos cúmplices processados como ofensa secundária de conluio, em detrimento do Município de Lima, Blest Merino García e Rojas julgado pelo crime de peculato, e outro pelo crime de falsificação de documentos públicos, em detrimento da Superintendência Nacional de Registros Públicos do Peru. Recentemente surgem novas informações sobre o caso Comunicore. A Polícia Especializada Nacional do Peru - DIRANDRO, que atua no combate ao tráfico de drogas, passou a farejar os detalhes do pagamento de 35,9 milhões de soles pela “Municipalidad Metropolitana de Lima” a empresa fantasma Comunicore que havia negociado com a empresa RELIMA Ambiental S/A, do grupo SOLVÍ. Como a imprensa peruana recentemente revelou e o Ministério de Combate a Corrupção confirmou, o dinheiro correspondente a 35 milhões de soles foi depositado em uma conta bancária em nome da empresa Comunicações Corporativas S/A (Comunicore), entre 03 de janeiro e 10 de fevereiro de 2006. Semanas depois, os diretores da Comunicore começaram a passar cheques da empresa para pessoas diferentes e fazer transferências para o Exterior. Os policiais da DIRANDRO identificaram dois grupos de beneficiários com cheques da empresa fantasma Comunicore. No primeiro grupo eram pessoas que não estavam registradas como contribuintes no Peru. No segundo grupo eram pessoas que apareciam como contribuintes e não tinham nenhuma atividade formal para justificar os cheques sacados contra a empresa Comunicore. No rastro do dinheiro, a Polícia Financeira do Perú descobriu que os beneficiários tinham ligações com atividades de lavagem. Este é o caso do ex-gerente da Comunicore, Jorge Vasquez Vela, que aparece em um relatório como parte de uma organização criminosa dedicada ao tráfico de drogas e transferência de dinheiro ilícito. Dois outros destinatários de cheques da Comunicore, as senhoras Maria Grimaldo Garagate e Benedicta Villlacrez Linares, aparecem em um relatório de inteligência realizado em junho de 2009. Ambas estão sob investigação por receber transferências de dinheiro de uma pessoa do México e da Espanha. Grimaldo Garagate e seus irmãos receberam, somente em março de 2009, mais de US$ 48.000,00. O relatório indica que "não exclui a possibilidade de que eles seriam usados ​​para fins de operações de lavagem". Henry Brachowicz Vela foi destinatário e teve depositado parte do dinheiro em suas contas de poupança, que foi, então, retirado por meio de alguns caixas eletrônicos na Colômbia. Álex Montoya Aguero, gerente da Comunicore, também teve dinheiro depositado em suas contas, que posteriormente foram sacados por desconhecido na Colômbia. A conta em banco da empresa fantasma Comunicore foi aberta dois meses antes de receber o dinheiro do lixo na gestão do então prefeito Luis Castañeda Lossio, na Prefeitura de Lima. Meses após o pagamento, o dinheiro foi extraído pelos beneficiários e a conta corrente da Comunicore foi fechada. Segundo a polícia peruana, os fatos mostram que o único propósito era receber cheques bancários. Mas surge um documento da DESANDRO onde consta que, em 18 de setembro de 2009, agentes policiais tinham descoberto no porto de Callao o total de quatro (4) toneladas e meia de cocaína misturada com alcachofra, prontos para serem enviados para a Espanha. Os detidos pela DESANDRO, um peruano e cinco colombianos, eram sócios da empresa Global Trade Import & Export, criada somente para transferir a carga ilegal. Alex Montoya Aguero, ex-gerente da empresa fantasma Comunicore, teria sido o financiador da operação. Anos antes, Alex Montoya Aguero, de posição econômica modesta, comandava as finanças de cinco empresas, entre elas a Comunicore. Todas as cinco empresas que Alex Montoya Aguero comandava as finanças foram criadas entre 2004 e 2006. Alex Montoya Aguero também atuou como gerente geral na Panamericana Serviços Ambientais, onde foi um dos principais acionistas. Na Comunicore , Alex Montoya Aguero exercia a função de administrador, embora seu trabalho fosse muito mais amplo. O ex-presidente da Comunicore, Rafael Santiago Ruiz Contreras, declarou a Promotoria do Peru, que investigou o caso da operação financeira com a Prefeitura de Lima e a Comunicore e a RELIMA, que foi Alex Montoya Aguero quem o convidou para assumir o cargo, apontando que o primeiro tinha amplos poderes na empresa fantasma. Através de Victor Bustamante Flores e sua família, Alex Montoya Aguero fez 176 transferências no total de $ 3 milhões a países da Europa e América do Norte. Bustamante Flores  fez duas transferências para a Inglaterra e para os Estados Unidos. A destinatária era a colombiana Daniela Sabogal Zuluaga , irmã de Orlando Sabogal Zuluaga , membro visível do cartel Norte del Valle. O Cartel do Vale do Norte (em espanhol Cartel del Norte del Valle) é um cartel de drogas que operou principalmente no norte do Valle del Cauca, ao sudoeste de Colômbia, e que teve um importante crescimento em meados da década de 1990, depois da fragmentação dos carteis de Medellín e Cáli. É conhecida como uma das organizações mais poderosas dedicadas ao tráfico de drogas. Alex Montoya Aguero  também fez transferências a indivíduos e empresas de China, França, Canadá e Portugal e os Estados Unidos, no valor de meio milhão de dólares. O relatório da polícia peruana, com base no levantamento do sigilo bancário, também analisou o destino dos 35 milhões de soles pagos pelo Município de Lima para a Comunicore, que negociou esse crédito com a Relima, do grupo brasileiro Solví. Os resultados da DESANDRO foram conclusivos: "Comunicore e outras pessoas em conluio cometeram operações que tem características de “empresas de fachada”, usadas para lavagem de dinheiro". A inteligência e analistas da polícia antidroga levantaram a hipótese de que Alex Montoya Aguero era o operador da máfia da Colômbia no Peru, para a lavagem de milhões de dólares para os seus negócios, o que explicaria por que ele aparece em uma série de empresas e com muito dinheiro do lixo na mão. Alex Montoya Aguero está foragido, desde 18 de setembro de 2009, quando a polícia descobriu um carregamento de drogas de drogas em Callao. A empresa Relima, do Grupo Solvi, é irmã gêmea da empresa Revita, que coleta o lixo em Porto Alegre e Canoas. O Grupo Solvi estaria envolvido com lavagem de dinheiro e conexão com o mundo das drogas? É o que peruanos e colombianos, além das autoridades brasileiras, devem responder.

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