segunda-feira, 3 de junho de 2013

INDIOS ANUNCIAM A SAÍDA DE BELO MONTE, MAS AMEAÇAM VOLTAR

Os índios que ainda ocupam o escritório do principal canteiro de obras da Usina Hidrelétrica de Belo Monte, a 55 quilômetros de Altamira (PA), prometem deixar o local nesta terça-feira para viajar a Brasília e se reunir com representantes do governo federal, disse um dos chefes da manifestação indígena, Valdenir Munduruku. “Todos vamos deixar o canteiro para conversar com o governo federal, em Brasília. Dependendo da conversa, das respostas do governo, vamos ver o que fazer”, afirmou Valdenir. De acordo com ele, os índios negociam com o governo levar à capital federal ao menos 140 dos 150 índios que permanecem no canteiro Sítio Belo Monte, ocupado há uma semana. O transporte aéreo do grupo vai ser custeado pelo governo federal. A relação nominal dos índios, contudo, ainda não foi entregue à representante do governo federal em Altamira, responsável por coordenar a viagem. Segundo Valdenir, se os índios não considerarem satisfatório o resultado da reunião com representantes da Secretaria-Geral da Presidência da República e dos ministérios da Justiça e de Minas e Energia, canteiros de obras de Belo Monte poderão voltar a ser ocupados nos próximos dias. “Sabemos que o principal interesse do governo é concluir as obras o mais rápido possível e que nossa posição atrapalha isso, mas esperamos que atenda às nossas reivindicações. Queremos sair da reunião com um bom resultado, com respostas concretas. Dependendo da conversa, vamos voltar a ocupar, fazer outra manifestação para continuar lutando por nossos direitos”, ameaçou Valdenir, explicando que um “outro grupo” indígena que estava prestes a viajar para se juntar aos manifestantes que ocupam o canteiro estará a postos, aguardando o resultado da reunião:Ç “Conforme a decisão que tomarmos, podemos pedir para estas pessoas seguirem para Altamira”. A reunião com os índios foi a forma encontrada pelo governo federal para tentar reduzir a tensão no empreendimento e negociar a desocupação do canteiro. Inicialmente, os índios exigiam que um representante do Poder Executivo fosse ao local negociar as reivindicações indígenas. A principal delas é a suspensão de todos os empreendimentos hidrelétricos na Amazônia até que o processo de consulta prévia aos povos tradicionais, previsto na Convenção 169 da Organização Internacional do Trabalho (OIT), seja regulamentado. “Queremos que parem os estudos e as obras até que haja um levantamento completo de tudo o que está sendo feito para só então discutirmos essa regularização da consulta. Antes disso, há algumas coisas que estão sendo feitas e que precisam ser corrigidas. Na área de Teles Pires estão desenterrando os ossos de nossos antepassados e nenhuma providência está sendo tomada”, declarou Valdenir.  Na última quinta-feira, os índios aceitaram a proposta de enviar uma delegação a Brasília, desde que pudessem permanecer no canteiro por mais alguns dias. Em contrapartida, o grupo permitiu ao Consórcio Construtor Belo Monte retomar as obras, paralisadas por razões de segurança. Os trabalhos começaram a ser retomados na sexta-feira e a produção já está normalizada.

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