segunda-feira, 20 de maio de 2013

Para Financial Times, otimismo no Brasil é “fachada”


Em seu editorial na edição desta segunda-feira, o jornal britânico Financial Times disse que o otimismo dos brasileiros com relação à economia é “de fachada”. A publicação começa o texto enumerando as boas-notícias que o País recebeu nos últimos dias, como a ascensão do diplomata Roberto Azevêdo à presidência da Organização Mundial do Comércio (OMC), a emissão bem-sucedida de títulos da Petrobras, a oferta pública de ações (IPO) de 11,4 bilhão de reais da BB Seguridade (a maior do ano), além do leilão de blocos de petróleo, promovido pela Agência Nacional do Petróleo (ANP) na semana passada. “Contudo, a aparente sensação de bem-estar é uma fachada”, afirma o conceituado periódico na sequência. O Financial Times destaca que a economia brasileira cresce menos do que o Japão neste ano, depois de ter expandido apenas 1% ano passado, e lembrou que a inflação alta tem erodido a confiança do consumidor. “Há um senso de mal-estar e a raiz dele é a desaceleração dos investimentos, que começou em 2011 e permanece“, diz o editorial. “Mais investimentos é exatamente o que o Brasil precisa para manter os empregos e tornar-se a potência global que ele quer ser”, acrescenta, citando que os investimentos representam 18% do Produto Interno Bruto (PIB) do País, contra 24% da América Latina e 30% das potências asiáticas. Na opinião do jornal, a culpa pela desaceleração de investimentos é do goverrno federal, uma vez que o modelo econômico extravagante cujo motor é o consumo, firmado pelo ex-presidente Lula, está esgotado, enquanto o modelo de Dilma, mais centralizador, acaba tornando lentas as decisões econômicas. Outra crítica é a ajuda pontual para os setores preferidos do governo, em vez de uma ampla reforma estrutural para os mercados. Um exemplo citado é a questão da infraestrutura, com investimentos necessários em portos, aeroportos, ferrovias e rodovias. Para o Financial Times, há interesse de empresários e investidores de participar desses setores, mas o marco regulatório ainda não viabiliza a construção de uma nova infraestrutura. “O Brasil precisa desesperadamente de mais investimentos. O baixo nível da poupança nacional significa que o dinheiro terá de vir de fora. Hoje, o capital está barato, mas não estará para sempre. O Brasil tem uma boa janela de oportunidades e a senhora Rousseff e seu governo precisam fazer as coisas acontecerem enquanto ela ainda está aberta”, finaliza o texto.

Nenhum comentário: