quinta-feira, 30 de maio de 2013

EM MEIO À CRISE, MINISTRA DO BOLSA FAMÍLIA TIRA FÉRIAS. É....

Em meio à crise envolvendo o principal programa social do governo, a ministra do Desenvolvimento Social, Tereza Campello, resolveu tirar férias. A última agenda da ministra que responde pelo Bolsa Família foi no dia 24 e, de acordo com o Diário Oficial da União, ela só retornará ao trabalho depois do feriado de Corpus Christi, na próxima segunda-feira. A autorização para a saída de Tereza Campello foi assinada pela presidente Dilma Rousseff no último dia 21 e publicada no Diário Oficial no dia seguinte, quando a confusão já estava instalada. Segundo o registro oficial, o motivo do afastamento é “a utilização de férias”. Tereza Campello se manifestou sobre o caso no dia 20, durante o programa de rádio Bom Dia Ministro, da Presidência da República: “Desestabilizar o Bolsa Família não acredito que possa interessar a ninguém, acho lamentável o que aconteceu e a principal prejudicada foi a população. Esse assunto agora está nas mãos da Polícia Federal. Eu acho que o que a população pode fazer agora é entrar em suas redes sociais alertando que o Bolsa Família continua firme e forte, e o calendário está mantido”. No dia seguinte, afirmou que não houve “nenhuma alteração que justificasse” o pânico entre os beneficiários do programa. Rumores sobre a suspensão dos pagamentos do Bolsa Família causaram correria, quebra-quebra e tumulto em casas lotéricas e agências da Caixa Econômica Federal em vários Estados brasileiros no dia 18 maio. Beneficiários do programa lotaram os terminais de atendimento para tirar o dinheiro – 152 milhões de reais foram sacados em 900.000 operações. Em seguida, teve início uma tentativa frustrada do governo de acobertar erros. Paralelamente, setores do PT e do próprio governo, como a ministra Maria do Rosário (Direitos Humanos), se apressaram em tentar disseminar que os boatos haviam partido da oposição. A estratégia, no entanto, fez água à medida que a própria Caixa se viu às voltas com uma troca de versões. Inicialmente, a instituição havia informado que os pagamentos do Bolsa Família estavam de acordo com o cronograma. Dias depois, entretanto, a Caixa admitiu ter antecipado a liberação dos valores para o dia 17 – um dia antes da boataria se espalhar por doze estados do país. A avaliação de setores do governo é que as atuações do presidente da Caixa, Jorge Hereda, e do vice-presidente de Habitação, José Urbano, no caso foram desastrosas, mas até o momento nenhum funcionário ou dirigente foi responsabilizado ou punido. Nesta quarta-feira, o Palácio do Planalto divulgou nota negando trocas no comando da Caixa: “São falsas as especulações de mudanças na direção da Caixa Econômica Federal”. A nota diz ainda que a diretoria do banco é formada por “técnicos íntegros e comprometidos com as diretrizes da CEF com seus clientes e com os beneficiários de programas tão importantes para o Brasil como o Bolsa Família”. No início da crise, a presidente Dilma Rousseff afirmou que os boatos eram “criminosos”. No último sábado, durante viagem à África, ela admitiu que a Caixa poderia ter falhado no episódio. “A Polícia Federal e a segurança da Caixa vão procurar todos os motivos e elencá-los”, disse. A Polícia Federal, de fato, abriu investigação para apurar a origem dos rumores, mas, até agora, não divulgou sua conclusão — descartou, por exemplo, a teoria conspiratória de que começaram por meio de uma central de telemarketing do Rio de Janeiro. Por enquanto, a PF ouviu testemunhas e funcionários da Caixa Econômica e tenta mapear quem foram e em que cidades vivem os primeiros beneficiários que sacaram o dinheiro. Tereza Campello fez carreira política no Rio Grande do Sul e trabalhou nas gestões de Olívio Dutra – na prefeitura de Porto Alegre e no governo gaúcho – e com os ex-prefeitos Raul Pont e Tarso Genro. É mulher do deputado federal Paulo Ferreira, ex-tesoureiro do PT. Fundadora do PT, ela participou dos grupos de trabalho que criaram o Bolsa Família e foi subchefe-adjunta de Articulação e Monitoramento da Casa Civil no governo Lula. Assumiu o Ministério do Desenvolvimento Social após a posse da presidente Dilma Rousseff. Por Reinaldo Azevedo

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