quarta-feira, 8 de maio de 2013

Argentina anuncia plano para atrair dólares não declarados


O governo argentino anunciou nesta terça-feira um plano para atrair dólares não declarados tanto no país como no Exterior, com o objetivo de que retornem à economia formal, anunciou o ministro da Economia, Hernán Lorenzino, em um contexto de forte tensão cambial. "Enviaremos ao Congresso mesmo um projeto para a criação de dois instrumentos de investimento com o objetivo de que dólares depositados em paraísos fiscais se reintegrem à economia formal", explicou Lorenzino. O vice-ministro da Economia, Axel Kicillof, informou que "há cerca de US$ 40 bilhões nas mãos de argentinos no país e a cifra triplica em paraísos fiscais no Exterior". Segundo Kicillof, a Argentina é o país com a maior posse de dólares per capita depois dos Estados Unidos, com US$ 1,2 mil. O plano consiste na emissão de um bônus para o setor energético destinado tanto a empresas como a famílias com capacidade de economia que não estejam habituadas ao investimento no mercado de capitais e um certificado de investimentos para o setor imobiliário e da construção. "A intenção é mobilizar recursos ociosos para um setor estratégico como o energético", disse o ministro, e explicou que, por exemplo, o investimento estará destinado à estatizada petrolífera YPF. Outro instrumento, denominado "certificado de investimentos para o setor imobiliário e da construção", será utilizado para "retomar o dinamismo do setor da construção", segundo a presidente do Banco Central, Mercedes Marcó del Pont, ao se referir à forte queda da atividade nesse setor. Os anúncios foram feitos em uma coletiva de imprensa da qual participaram, pela primeira vez, os principais integrantes da equipe econômica, em um momento de tensão cambial com uma diferença de 93% entre a cotação do dólar oficial e o paralelo, que fechou em 10,08 pesos. Kicillof voltou a insistir que o governo não desvalorizará a moeda, como a presidente Cristina Kirchner defendeu na segunda-feira. "Nossa economia sofreu ataques especulativos", disse Kicillof, e acrescentou que "empurram as pessoas a comprar dólares dizendo que vai haver uma desvalorização. Este é um mal endêmico que a Argentina tem". O governo argentino adotou fortes medidas comerciais e de controle dos mercados cambiais para evitar a saída de divisas do país, em um contexto de difícil acesso aos mercados internacionais de financiamento depois do default de 2001.

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