A oposição vai exigir
do Palácio do Planalto explicações sobre a sindicância interna que investigou
as denúncias envolvendo a ex-chefe de gabinete da Presidência da República em
São Paulo, Rosemary Nóvoa Noronha, indiciada pela Polícia Federal por formação
de quadrilha, corrupção passiva e tráfico de influência em todas as instâncias
governamentais para obter benefícios financeiros. A sindicância, aberta por
decisão da Casa Civil e realizada em conjunto com a Controladoria Geral da
União, comprovou que Rosemary recebia vantagens como ex-assessora de Lula. O
documento cita tratamento especial dado a Rosemary durante viagem particular a
Roma. Na ocasião, ela e o marido ficaram hospedados na embaixada brasileira,
localizada na Piazza Navona, em um dos mais luxuosos endereços de Roma. O líder
da MD (Mobilização Democrática), deputado Rubens Bueno (PR) disse que irá pedir
à Casa Civil cópia da sindicância, que corria em caráter sigiloso. Ele acredita
ainda que a sindicância seja anexada ao relatório do inquérito da investigação
da Polícia Federal, que foi remetido à 5ª Vara da Justiça Federal de São Paulo.
“Acredito que isso é importante para que seja desvendado e esmiuçado o modus
operandi da quadrilha que se instalou no seio do governo. Não é possível que um
relatório sugerindo a abertura de um processo disciplinar administrativo contra
um servidor público seja mantido em segredo para evitar instabilidade
institucional. O que o governo está querendo esconder?”, disse Rubens Bueno. A sindicância
apontou irregularidades e mapeou uma rede de favores e tráfico de influência
exercido por Rosemary quando ela chefiava o escritório da Presidência em São
Paulo. A apuração determinada pela Casa Civil teria rastreado anormalidade na
evolução patrimonial da acusada e recomendado que ela seja investigada por
enriquecimento ilícito. Rubens Bueno disse que a oposição tentará retomar a
pressão para a abertura de uma CPI sobre as denúncias, lembrando que o governo
conseguiu evitar a abertura quando o caso surgiu. A pressão exercida pelo
governo nos parlamentares da base aliada impediu que a CPI obtivesse o número
necessário de assinaturas (171) para que fosse instalada na Câmara dos
Deputados. O vice-líder do PSDB no Senado, Álvaro Dias (PR), duvida que uma
sindicância do governo federal puna Rosemary. Ele disse que a oposição tem que
redobrar as apostas, principalmente em relação a uma ação por parte do
Ministério Público. “As sindicâncias do governo sempre ficam sob suspeição”,
disse Alvaro Dias. Além da CPI, o líder da Mobilização Democrática renovará o
pedido enviado ao ministro da Fazenda, Guido Mantega, em dezembro de 2012, para
explicar a denúncia de tráfico de influência na contratação pelo Banco do
Brasil de empreiteira da família de Rosemary. Por parte do governo e do PT, a
preocupação é não reviver o caso Rosemary no Congresso.
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