domingo, 7 de abril de 2013

Especialistas criticam desonerações setoriais e defendem medidas mais amplas


Com impacto de R$ 26,9 bilhões no caixa do governo para este ano, as reduções de tributos anunciadas nos últimos dias pelo Ministério da Fazenda enfrentam críticas em relação à capacidade de realmente estimular a economia. Segundo especialistas, as desonerações setoriais beneficiam mais as empresas com poder de barganha perante o governo, sem que os efeitos se estendam por outros segmentos da economia. Com outras medidas que podem ser anunciadas até o fim do ano, a perda de arrecadação pode chegar a R$ 100 bilhões. Para especialistas, o modelo de desonerações seletivas está se esgotando, com os benefícios se restringindo aos setores atingidos, em vez de realmente estimular o consumo. Professor titular da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Reinaldo Gonçalves diz que reduções de impostos que aumentassem diretamente a renda da população seriam mais eficazes para reaquecer a economia. “Se o governo diminuísse o Imposto de Renda da Pessoa Física, em vez de beneficiar este ou aquele setor, o resultado seria bem melhor. A população teria mais dinheiro para consumir, o que cria demanda e anima os empresários”, argumenta. Para Gonçalves, o atual sistema de desonerações apenas provoca um fenômeno chamado de capitalismo de compadrio, em que os setores com maior poder de persuasão com o governo usam momentos de crise para obter vantagens. “As desonerações focalizadas provocam uma síndrome de balcão, que beneficia quem chora primeiro e não têm o mesmo efeito multiplicador sobre a economia do que uma redução de impostos generalizada”, declara.

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