quinta-feira, 25 de abril de 2013

Banco Central projeta inflação ainda mais alta e mais distante da meta em 2014


Depois de ter perdido a chance de controlar a inflação em 2013, o Banco Central está alerta para o risco de alta dos preços no próximo ano. É o que indica a ata da reunião em que os membros do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central decidiram elevar a taxa básica de juros a 7,5% ao ano, na semana passada. O documento, divulgado nesta quinta-feira, mostra que a decisão de elevar a taxa Selic em 0,25 ponto porcentual tem como objetivo neutralizar os riscos de alta da inflação, principalmente em 2014. Segundo as projeções do Copom, o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) pode se distanciar ainda mais da meta no ano que vem. Mesmo considerando o cenário de referência, que leva em conta dólar a 2 reais e taxa Selic a 7,25% ao ano, o Banco Central admite que, para 2014, “a projeção de inflação aumentou em relação ao valor considerado na reunião do Copom de março e se encontra acima do valor central da meta”. A ata mostra que a mediana das projeções coletadas pelo Departamento de Relacionamento com Investidores e Estudos Especiais (Gerin) no cenário de mercado passou de 5,50% para 5,70% em 2014, enquanto em 2013 desacelerou para 5,68%, ante 5,7% em março. O Copom também avalia que “o nível elevado da inflação e a dispersão de aumentos de preços, entre outros fatores, contribuem para que a inflação mostre resistência e ensejam uma resposta da política monetária”. Diante disso e da perspectiva de um cenário externo nebuloso, o Banco Central ainda pondera que é necessário cautela: “O Comitê pondera que incertezas internas e, principalmente, externas cercam o cenário prospectivo para a inflação e recomendam que a política monetária seja administrada com cautela”. O tom do discurso deve levar os economistas a apostarem em continuidade da alta da Selic, mas em ritmo menor. Eles já haviam revisado sua previsão para a taxa básica de juros após a decisão do Copom. O relatório Focus de segunda-feira mostrou que os analistas consultados pelo Banco Central esperam agora que o ano termine com a Selic em 8,25% e não mais 8,5% como estavam prevendo até então. Ainda assim, em sua ata, o Copom prevê uma melhora no crescimento econômico do País tanto em 2013 quanto em 2014. O Banco Central também admitiu que, a despeito do poder que têm as políticas macroeconômicas de mudar a trajetória dos preços, é a política monetária que deve ficar “vigilante” para “garantir que pressões detectadas em horizontes mais curtos não se propaguem para horizontes mais longos”. A decisão de elevar em 0,25 ponto porcental (p.p.) os juros básicos na semana passada contou com os votos de seis diretores, de acordo com a ata. A Selic, então, passou para 7,5%. Dois membros do Banco Central queriam a manutenção dos juros básicos. Votaram pela elevação da taxa Selic: Alexandre Antonio Tombini (presidente do Banco Central e do Copom), Altamir Lopes, Anthero de Moraes Meirelles, Carlos Hamilton Vasconcelos Araújo, Luiz Edson Feltrim e Sidnei Corrêa Marques. Votaram pela manutenção da taxa Selic em 7,25% a.a.: Aldo Luiz Mendes e Luiz Awazu Pereira da Silva. Em sua ata, o Copom manteve as projeções já apresentadas em março para o comportamento de preços de todos os itens monitorados ou administrados pelo governo e que constam do documento. A projeção de reajuste no preço da gasolina para 2013, por exemplo, foi mantida em 5%. Para a tarifa residencial de eletricidade, a expectativa é de um recuo de aproximadamente 15% este ano já levando em conta reajustes e revisões de preços assim como reduções de encargos setoriais anunciadas pelo governo. O Banco Central ponderou que, apesar de limitações da oferta, o ritmo da atividade doméstica se intensificou no primeiro trimestre e destacou que informações recentes apontam para a retomada do investimento e para uma trajetória de crescimento, “no horizonte relevante”, mais alinhada com o crescimento potencial. Na avaliação do Comitê, a demanda doméstica continuará a ser impulsionada pelos efeitos defasados de ações de política monetária implementadas recentemente. Também auxiliará nesse processo a expansão moderada da oferta de crédito, tanto para pessoas físicas quanto para pessoas jurídicas.

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