sexta-feira, 15 de março de 2013

Papa diz que Igreja não é "uma ONG beneficente". Um soco no queixo de CIMI, Pastoral da Terra e outros grupos que aparelharam a instituição.


Papa Francisco decreta o fim da política na Igreja. Lugar de padre não é incitando violência, invasões, luta de classes. Lugar de padre é evangelizando. Igreja não é governo. No primeiro dia em que acordou como papa, Francisco mandou ontem diversas mensagens de que adotará um novo estilo de comando na Igreja Católica.Com gestos simbólicos, ele sinalizou novos tempos de austeridade e de humildade diante dos fiéis. E na primeira mensagem pastoral, defendeu que a igreja volte aos Evangelhos para não se reduzir a uma ONG beneficente. O novo papa rezou uma missa aos cardeais que o elegeram na Capela Sistina, com transmissão ao vivo pela TV. No cenário do conclave, defendeu que o catolicismo "caminhe" e seja "edificado" sobre bases sólidas. "A nossa vida é um caminho. Quando paramos, alguma coisa está errada", disse Francisco, escolhido para liderar um rebanho de 1,2 bilhão de fiéis num momento de crise na igreja.O argentino fez um chamado pela colaboração dos cardeais e estabeleceu uma espécie de lema para a Santa Sé em seu pontificado: caminhar, construir e difundir a palavra de Jesus. "Nós podemos caminhar o quanto quisermos, podemos construir muitas coisas, mas se não confessarmos [professarmos] Jesus Cristo, a coisa não anda. Nos tornaremos uma ONG beneficente, mas não a igreja", afirmou. Ao reforçar o apelo à religiosidade, o novo papa citou uma frase dura do escritor francês Léon Bloy (1846-1917): "Quem não reza ao Senhor reza ao diabo". "Quando não se confessa Jesus Cristo, se confessa o mundanismo do diabo, do demônio", disse Francisco. Em seguida, ele afirmou que não adianta ocupar altos cargos na hierarquia da igreja caso se vire as costas à cruz. A mensagem foi recebida como um aviso de que os religiosos devem zelar pela coerência entre o que pregam e o que fazem na vida diária. "Quando caminhamos sem a cruz, construímos sem a cruz e confessamos um Cristo sem a cruz, não somos discípulos do Senhor. Somos mundanos, somos bispos, padres, cardeais, papas, mas não discípulos do Senhor", disse, após instar os cardeais a "viver com a irrepreensibilidade que Deus pediu a Abraão". A mudança de estilo começou a ser notada pouco depois da eleição secreta, dentro do Vaticano. Assim que o conclave terminou, ele surpreendeu os cardeais ao permanecer de pé para receber os cumprimentos, em vez de se sentar no trono de pontífice. Na saída, recusou a limusine e voltou no ônibus que havia levado os eleitores à Capela Sistina. Mais tarde, na janela da Basílica de São Pedro, Francisco apareceu para o povo com uma veste branca simples e sem a capa vermelha e a estola dos papas. Também trocou o crucifixo de ouro, símbolo da opulência da igreja, pela cruz de prata que já usava nos tempos de bispo. Ao saudar os fiéis como bispo de Roma, pediu que rezassem por ele antes de conceder a bênção apostólica. De volta à roda dos cardeais, Francisco foi homenageado com um jantar e brincou com os colegas colegas, após o brinde: "Deus os perdoe pelo que vocês fizeram", disse, em tom bem-humorado.

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