quarta-feira, 27 de março de 2013

O discurso fora da realidade e fora de moda de Dilma Rousseff na cúpula dos Brics


A presidente Dilma Rousseff falou à imprensa nesta quarta-feira durante a 5ª cúpula dos Brics, na África do Sul e afirmou que não tomará quaisquer medidas de combate à inflação que possam desacelerar o crescimento da economia brasileira. Segundo ela, essa é uma questão “datada”. “Esse receituário que quer matar o doente, em vez de curar a doença, é complicado. Vou acabar com o crescimento no país? Isso está datado. Isso eu acho que é uma política superada”, afirmou a presidente após encontro de chefes de estado dos países dos Brics, que reúne Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul. Sobre o crescimento da economia, Dilma afirmou que o ano de 2013 será “um pouco mais promissor do que 2012″. Como de praxe, Dilma aproveitou para criticar os analistas que pensam de maneira diferente da dela: “São sempre as mesmas vozes, você não ouviu isso do governo (que seria preciso reduzir o crescimento para combater a inflação). Não achamos que há essa relação”. Ainda sobre o aumento de preços, afirmou: “Isso não significa que o governo não esteja atento. Não só estamos atentos como acompanhamos diuturnamente a questão da inflação. Não achamos que a inflação esteja fora de controle. Pelo contrário, ela está controlada. O que há são alterações e flutuações conjunturais. Mas nós estaremos sempre atentos”. A presidente também afirmou que a economia brasileira vem se recuperando das desacelerações de 2011 e 2012. E creditou o cenário à “vontade política” do governo. Ela salientou que a recuperação do crescimento econômico brasileiro não foi espontânea, mas fruto de iniciativas federais, como estímulos financeiros, tributários e monetários. Dilma também ressaltou a contribuição da queda do desemprego para o fortalecimento do mercado interno e enfatizou a importância de investimento em infraestrutura. Segundo ela, as oportunidades de investimentos devem ser ampliadas e, se há escassez de financiamentos, “vamos criar financiamentos de longo prazo”. A presidente também repetiu sua defesa por reformas nos organismos internacionais para refletir a maior representatividade econômica atual dos países emergentes. Brasil e China há muito afirmam que o sistema atual de votação do Fundo Monetário Internacional (FMI) concede injustamente benefícios à Europa e aos Estados Unidos, que dominam o Fundo desde sua fundação na década de 1940. Um acordo fechado em 2010 para implementar mudanças, inclusive elevando a China ao posto de terceiro país-membro com mais poder de voto na instituição financeira, deveria ter sido aprovada por todos os países-membros do FMI em outubro do ano passado, mas ainda não passou pelo Congresso dos Estados Unidos. “Seguimos unidos na defesa de reformas das estruturas de governança global. É necessário urgentemente atualizar e torná-las mais legítimas e representativas do mundo de hoje”, afirmou.
Comento
O que está fora de moda é esse discurso de Dilma. Fora de moda e fora da realidade. Alguém, por acaso, por ser congenitamente malvado, toma esta ou aquela medidas com o propósito de derrubar o PIB, de baixar o crescimento? Acho que não, né? Ocorre que determinadas ações — e aí se pode debater se são necessárias ou não — acabam tendo esse efeito. Há uma outra fraude intelectual de base aí: Dilma discursa como se o país estivesse crescendo 7% ao ano, mas com um pouquinho de inflação, de sorte que se pode fazer esta escolha: “Ah, vamos atuar para desacelerar um pouco; assim, a gente esfria um tantinho a demanda, a inflação recua… Vamos crescer só 5,5%, pronto!” Mas esse cenário não está dado. Isso é uma fantasia. O país cresce pouco — 1% no ano passado — com inflação e baixo investimento. Esse é o busílis. E, para isso, até agora, os petistas não têm resposta. Pior do que tudo: eles não têm nem hipóteses nem perguntas. (Reinaldo Azevedo)

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