segunda-feira, 11 de março de 2013

Cachoeira tenta retomar negócios um ano após prisão

Depois de ficar preso por 266 dias no ano passado sob acusação de comandar uma rede de tráfico de influência envolvida com negócios públicos e jogos ilegais, Carlos Augusto de Almeida Ramos, o Carlinhos Cachoeira, está aos poucos restabelecendo velhas conexões políticas e empresariais. Argumentando que as provas da Operação Monte Carlo serão anuladas, Cachoeira faz reuniões em casa com amigos e empresários, especialmente do setor de coleta de lixo. Entre os convidados está Cláudio Abreu, ex-diretor da Delta Construções no Centro-Oeste, vizinho do contraventor e também réu na Justiça. O que Cachoeira ainda não conseguiu foi marcar sua volta à sociedade de Goiânia. Sua mulher, Andressa Mendonça, é requisitada em festas e eventos sociais. "Ele nunca foi das altas rodas da capital. É de Anápolis e, por mais que tenha dinheiro, não é de família tradicional", diz um parlamentar que atuou na CPI do Cachoeira na Assembléia de Goiás. A comissão terminou em pizza na última semana, sem indiciamentos ou relatório final. Segundo deputados da oposição, os aliados do governador Marconi Perillo (PSDB) literalmente se esqueceram de votar o texto. A exposição pública de Cachoeira, condenado a quase 40 anos de cadeia, tem sido evitada, especialmente após o flagra em um resort de luxo na Bahia, com diárias de R$ 3 mil. Há mais ou menos duas semanas, a defesa ordenou que o contraventor submergisse para não atrapalhar a montagem de um figurino mais discreto para quem ainda responde a ações na Justiça. A personalidade expansiva e articulada do contraventor sempre preocupou os advogados que o defendem. Sob os cuidados do criminalista Nabor Bulhões, Cachoeira tornou-se evangélico na prisão e estabeleceu uma rotina de cultos semanais em casa. Na nova fase, ele pega os filhos na escola, deixou de frequentar a noite goiana e agora encomenda jantares em casa nos melhores restaurantes da cidade. "É uma orientação pessoal dele e que casa com a nossa. Ele está muito discreto e focado na família e nos processos. Carlinhos está trabalhando na defesa. Isso tudo absorve bastante tempo", afirma Nabor, negando que ele tenha retomado a vida empresarial. Sobre uma eventual colaboração com a Justiça, Nabor responde: "Não aceito assistir cliente que cogite a delação. É uma questão de princípio".

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