quarta-feira, 13 de março de 2013

América Latina saúda Papa Francisco como homem que enfrentará crise na Igreja


Embora alguns comentaristas tenham citado sua fama de ser conservador e inflexível como o antecessor Bento 16, os fiéis em geral celebraram o fato de os cardeais eleitores terem ido "até o fim do mundo" para escolher um papa, como disse Francisco no primeiro pronunciamento do seu pontificado. "Um latino é mais aberto aos outros, enquanto um europeu é mais fechado. Uma mudança como essa, com um latino-americano, será muito importante para nós, latino-americanos", disse a aposentada Ana Solís, de 75 anos, em frente à catedral metropolitana de Santiago. "Estou feliz porque outro papa europeu seria como comer do mesmo pão todos os dias", disse Martín Rodríguez, taxista de 49 anos, na Cidade do México. O jesuíta, de 76 anos, precisará enfrentar desafios colossais, como os abusos sexuais cometidos por clérigos contra menores nas últimas décadas em vários países e o recente vazamento de documentos que mostravam casos de corrupção e disputas internas na Cúria Romana, o núcleo da Igreja. "Estamos enfrentando uma série de desafios agora e eu rezo para que o papa ajude a trazer nossos jovens de volta à Igreja", disse em frente à catedral da Sé, em São Paulo, a católica Deise Cristina, de 43 anos, que vai à missa toda semana. Ela comemorou o fato de a Igreja ter quebrado "um tabu" ao eleger um latino-americano. A América Latina reúne 42% dos 1,2 bilhão de católicos do mundo, tendo um peso bem superior ao da Europa, com 25% dos fiéis. Mas há anos a Igreja vem perdendo espaço na região para os cultos protestantes e evangélicos. O arcebispo do Rio de Janeiro, Orani Tempesta, disse que a eleição do argentino Jorge Mario Bergoglio no conclave "mostra que a Igreja está olhando para a América Latina". Mas o novo papa, que supostamente ficou em segundo lugar no conclave anterior, em 2005, não é visto como alguém que levará mudanças profundas à administração da Igreja. "Ele não vai ser um grande liberal, não haverá grandes mudanças no ensinamento da Igreja, provavelmente no alcance da Igreja ... Ele será cuidadoso e conservador e esperamos o melhor", disse o padre James Bretzke, professor de teologia moral do Boston College, e jesuíta como o novo papa: "Ele tem a reputação de ser bastante inflexível e fortemente conservador". Mas, para os católicos do mundo, seu perfil é menos importante, ao menos por enquanto, do que seu jeito tranquilo ao se apresentar para a vasta multidão na praça de São Pedro, agradecendo a Deus por tê-lo escolhido. "Ele é um homem muito humilde, muito próximo do povo. Podemos notar isso na forma como pediu a oração e se inclinou para o público", disse o secretário-geral da Conferência Nacional de Bispos do Brasil, Leonardo Steiner, em Brasília. A presidente argentina, Cristina Kirchner, cumprimentou o seu compatriota Bergoglio em nota divulgada pelo Twitter: "É nosso desejo que tenha, ao assumir a condução e guia da Igreja, uma frutífera tarefa pastoral desempenhando responsabilidades tão grandes para com a justiça, a igualdade, a fraternidade e a paz da humanidade".

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