sexta-feira, 8 de fevereiro de 2013

Vale condiciona projeto de US$ 6 bilhões na Argentina à queda de imposto


A mineradora brasileira Vale espera que a Argentina dê uma resposta até o fim de fevereiro sobre sua demanda por benefícios fiscais e cambiais para decidir o futuro do seu projeto de potássio de 5,9 bilhões de dólares naquele país, disse nesta quinta-feira uma fonte de governo brasileiro. A Vale, maior produtora de minério de ferro do mundo, paralisou a obra da mina do projeto Rio Colorado, na província de Mendoza, em dezembro, enquanto avalia "as variações nos fundamentos econômicos" do país, que tem uma inflação anual de 25%, segundo cálculos privados. "A Vale vai esperar até 28 de fevereiro para ver se a coisa se resolve, se consegue o que está pedindo", disse uma autoridade da área econômica do governo brasileiro a par das negociações. A mineradora pediu isenção do imposto sobre valor agregado (IVA) e uma taxa de câmbio mais favorável do que a oficial para compensar o aumento dos custos. "A bola está no campo dos argentinos", acrescentou. As dúvidas sobre o investimento da Vale, que transformaria a Argentina em um dos maiores produtores mundiais de potássio, coincidem com um clima de deterioração econômica no país vizinho e com a redução dos investimentos da mineradora brasileira ante a queda dos preços do minério de ferro. De acordo com uma fonte do governo brasikleiro, a Vale sustenta que já investiu mais do que o previsto e para prosseguir precisa de redução dos impostos. "A Vale quer ver o que pode ser feito para manter o investimento inicialmente previsto," disse a autoridade. A Vale diz que investiu 1,805 bilhão de dólares no Rio Colorado, e que completou 40% das obras físicas até o final do terceiro trimestre. Fontes do mercado na Argentina calculam que a isenção do IVA significaria uma economia de 1 bilhão de dólares para a Vale. O futuro do projeto estará na pauta quando a presidente da Argentina, Cristina Kirchner, e Dilma Rousseff se encontrarem no início de março, na Patagônia. A mineradora brasileira comprou em 2009, da australiana Rio Tinto, os ativos da Rio Colorado, uma região rica em potássio, usado na preparação de adubo. O plano seria abastecer o Brasil, potência do agronegócio, que atualmente importa 90% de sua demanda anual por fertilizantes. O projeto de 6 bilhões de dólares deveria começar a produzir em 2014 com uma capacidade inicial de 2,4 milhões de toneladas métricas por ano, que depois aumentaria para 4,3 milhões de toneladas. Fontes do mercado dizem, no entanto, que o início das operações pode ser adiada por até três anos. As obras, que também incluem 800 quilômetros de trilhos de trem e um terminal no porto marítimo de Bahía Blanca, ao sul de Buenos Aires, empregam cerca de 4.000 trabalhadores.
Dificuldades na desapropriação de terras na província central de La Pampa encareceram consideravelmente o projeto e podem levar a Vale a considerar uma rota alternativa. A Vale pisou no freio em abril de 2012, quando o presidente-executivo Murilo Ferreira ordenou uma revisão do projeto citando uma crescente "preocupação" sobre a situação econômica na Argentina e no clima político, após a nacionalização de 51% da petrolífera YPF da espanhola Repsol.

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