terça-feira, 26 de fevereiro de 2013

Acusador de Chalita diz ter visto “malas de dinheiro”. Ou: “Ética relativa e semiótica”


O analista Roberto Leandro Grobman, de 41 anos, afirmou ter presenciado a chegada de malas de dinheiro ao apartamento do deputado federal Gabriel Chalita (PMDB-SP) em 2005, quando ele era secretário da Educação de São Paulo. As malas, diz ele, foram levadas ao apartamento pela advogada Marcia Alvim, uma das principais assessoras de Chalita. Na época, Grobman mantinha relacionamento com ela: “Vi Marcia trazendo malas de dinheiro. Jogava o dinheiro no chão e separava". O Ministério Público paulista instaurou 11 inquéritos para investigar Chalita por enriquecimento ilícito, corrupção e fraude em licitação a partir de depoimentos de Grobman. Ele diz que era assessor informal de Chalita na secretaria, com telefone, e-mail e cartão do Estado.  Apresentou fotos de viagem oficial que fez com Chalita e Marcia a Paris, para evento da Unesco. Diz ele: "Montei a empresa Interactive com Nilson Curti, superintendente do COC (grupo educacional privado), em 1999. Em 2003, fui apresentado por Chaim Zaher (ex-dono do grupo COC) a Chalita. Fui trabalhar na secretaria e tinha sala, e-mail e cartão do governo". E continua: "Chaim colocou pessoas de sua confiança em cargos estratégicos. O Milton Dias Leme, na diretoria da Fundação para o Desenvolvimento da Educação; o Farid Mauad, diretor da COC, no Conselho Estadual da Educação, e eu na secretaria. Era para a gente direcionar contratos do governo com o COC". Sobre a corrupção das malas de dinheiro: "Eu ficava no apartamento de Higienópolis acompanhando a reforma. Vi a Marcia Alvim trazendo malas de dinheiro, eram malas de propagandista, de couro, grandes, grossas. Ficavam guardadas no armário espelhado em frente ao banheiro. Jogava o dinheiro no chão e separava, pagava o estúdio do programa de TV. Também levavam o dinheiro na sala do Paulo Barbosa (braço direito de Chalita, adjunto na época) na secretaria. Ele guardava num cofre verde do lado esquerdo da mesa". Ele afirma sobre o rompimento com Chalita: "Ele já tinha feito toda a reforma no apartamento em Higienópolis com dinheiro do empresariado. Eu fazia vista grossa, mas aí a Márcia me falou que ele tinha comprado o apartamento no Rio de Janeiro. Foi o que me fez brigar com ele. Eu fui falar que não era ético e ele respondeu que a ética é relativa, que podia provar isso para mim pela semiótica, que eu deveria calar a boca. Me senti humilhado".

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