quinta-feira, 17 de janeiro de 2013

Porto de Eike Batista causou salinização de água doce

As autoridades ambientais do Estado do Rio de Janeiro confirmaram nesta quarta-feira que as obras de construção do porto do Açu, da empresa LLX, do empresário Eike Batista, causaram a salinização da água doce usado por agricultores de São João da Barra (RJ). Segundo a presidente do Inea (Instituto Estadual do Ambiente), Marilene Ramos, o problema ocorreu após o transbordamento da água salgada do sistema de drenagem da dragagem do porto. A água, que deveria voltar para o mar, atingiu reservatórios de água doce. O canal mais atingido foi o Quintingute. Principal fonte de abastecimento dos agricultores locais, ele foi caracterizado como de água doce pelo estudo de impacto ambiental, mas atualmente tem 2,1 de salinidade, quando o adequado para irrigação é de, no máximo, 0,14. Ramos diz que o transbordamento já foi corrigido com um novo sistema de drenagem mas agora restam as análises das águas subterrâneas. O objetivo é identificar se elas foram contaminadas pela água salgada do processo de dragagem do porto. O secretário estadual do Ambiente do Rio, Carlos Minc, disse que será divulgado na próxima semana as ações que a LLX deverá executar para correção dos danos. Minc garantiu, porém, que o problema não vai interromper as obras do porto. Segundo Marilene, a empresa deverá dobrar, para 16, a quantidade de poços de monitoramento do local para identificar a extensão da possível contaminação das águas subterrâneas. Ela disse ainda que "certamente" haverá alguma multa, só não sabe de quanto. A LLX informou, por meio de nota, que monitora os níveis de salinidade em mais de 40 pontos da área de influência do porto do Açu, de acordo com as exigências do licenciamento, e que o monitoramento dos canais utilizados para irrigação não apresentaram indicação de alteração da atividade agrícola. Segundo a empresa, o monitoramento é feito por meio de convênios com universidades como a UFRRJ (Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro). Na nota, a LLX diz que firmou parceria com universidades e especialistas em meio ambiente do Rio de Janeiro, de São Paulo e dos Estados Unidos para ampliar o monitoramento na área de influência do empreendimento e apresentou o plano de ampliação da malha amostral desse monitoramento para análise do órgão ambiental responsável. A denúncia de salinização do local foi feita por pesquisadores da Uenf (Universidade do Norte Fluminense) . No estudo divulgado, eles afirmaram que, se nada for feito, um processo de desertificação da região poderá ser iniciado. Essa é a primeira consequência ambiental direta detectada após o início das obras no empreendimento. Os Ministérios Públicos Federal e Estadual instauraram inquérito para apurar o caso. A dragagem é feita para aumentar a profundidade do mar e do canal aberto pela empresa, a fim de permitir o acesso de grandes navios. A licença ambiental emitida permite a retirada de 65,2 bilhões de litros de areia do mar, sendo que 31 bilhões já foram depositados em solo.

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