quinta-feira, 24 de janeiro de 2013

Frete de soja poderá ficar 50% mais caro no auge da safra


O custo de frete rodoviário de soja pode encarecer em mais de 50% nos dois principais Estados produtores, Mato Grosso e Paraná, durante o pico de safra 2012/13, em fevereiro e março, avalia a Esalq-Log, braço de pesquisa em logística do agronegócio da Universidade de São Paulo. Em outras regiões produtoras, os preços deverão subir entre 20% e 40%, calcula a entidade. "É muito em função do volume que vai ser colhido e também por ser a primeira safra em que, desde o início, a lei dos motoristas de caminhão vai estar efetiva", afirma Natália Trombeta, pesquisadora da Esalq-Log. O Brasil deverá colher uma safra recorde acima de 80 milhões de toneladas de soja. Além disso, a lei federal 12.619, que entrou em vigor na metade do ano passado, proíbe os motoristas de caminhões de dirigir por um período superior a quatro horas sem um descanso mínimo de 30 minutos, além de impor jornada de oito horas diárias, com repouso de 11 horas a cada dia, com o veículo estacionado. Caminhoneiros brasileiros tradicionalmente dirigiam por períodos superiores a essas oito horas. Empresas do setor de transporte e de commodities afirmam que, com a lei, são necessários mais motoristas para realizar os mesmos trechos e que há muitos caminhões parados. No fim do ano passado, a Abiove (associação das indústrias de soja) avaliou que há escassez de 50 mil motoristas no País e previu um "caos logístico" no pico do escoamento da produção em 2013. "A tendência é que não haja caminhões e vagões suficientes para escoar num nível necessário toda a produção que vai ser colhida nessas regiões. Isso deve pressionar o valor do frete", confirmou a pesquisadora da Esalq-Log. Especialistas dizem que uma mudança no calendário e no modelo de plantio da soja no Brasil nos últimos anos, com a ênfase às variedades precoces, concentrou ainda mais a colheita e a demanda por frete nos meses de fevereiro e março. Outro fator que afeta o custo de transporte é a expectativa de que o País vai colher uma safra recorde de grãos, tornando-se o maior produtor mundial de soja, superando nesta temporada os Estados Unidos. A consultoria Agroconsult calcula que o valor de frete tenha praticamente triplicado em uma década, com a demanda e a produção crescentes em um País com logística deficitária. O custo médio do frete por tonelada de soja entre o sul de Mato Grosso e o porto de Santos era de US$ 35,00 na safra 2002/03, saltando para US$ 91,00 na temporada 2011/12, segundo a Agroconsult. Nos anos mais recentes, o frete tem correspondido a algo entre 13% e 22% do preço da soja. Na última safra, mesmo com a elevada cotação da soja, o transporte custou 17% do preço obtido por cada saca.

Nenhum comentário: