terça-feira, 8 de janeiro de 2013

Financial Times diz que Brasil pode chegar a círculo vicioso


A desaceleração da atividade econômica brasileira pode criar um círculo vicioso com efeitos negativos em cascata. O alerta faz parte de análise de uma página publicada nesta terça-feira no jornal britânico Financial Times. Com o título "Ritmo do consumo", o texto assinado pelos repórteres Louise Lucas e Samantha Pearson diz que rachaduras podem aparecer na economia turbinada pelo consumo, mas que, apesar disso, a fé de líderes empresariais no frenesi de gastos continua inabalável. A análise começa no centro de São Paulo, na Rua 25 de Março, onde Roberto Carlos, um vendedor de móveis desempregado, compra freneticamente sem se importar com a falta de trabalho. Carregando sacolas e caixas, o desempregado lista o que acaba de comprar: roupas, sapatos e uma máquina de café. Consumidores como Roberto Carlos, diz a reportagem, fizeram o Brasil ser catapultado para o hall dos quatro maiores mercados globais de artigos de consumo, desde doces até bebidas alcoólicas. "Mas o freio na economia tem gerado comparações infelizes com a China, onde uma desaceleração muito mais modesta afetou o espírito 'animal' dos compradores. Isso prejudicaria não apenas a indústria e os varejistas, mas colocaria toda a economia em um círculo vicioso", diz a análise. O texto chama atenção especialmente do grande peso do consumo na economia brasileira. "O Brasil não é um conto chinês em se tratando de investimentos e superrodovias, como qualquer pessoa que já tenha tomado um táxi em São Paulo percebeu. Muito pelo contrário: o shopping é vital nesta economia. O consumo das famílias, que representa 35% do PIB da China, contribui com 60% no Brasil". Diante dessa dependência do consumo, o texto afirma que rachaduras começam a aparecer. Um exemplo é que o comprometimento da renda para pagar cartões de crédito e outros empréstimos já alcança um quinto do salário, nível recorde. Com isso, as vendas no varejo começam a fraquejar, diz o texto, ressaltando que quase tudo pode ser comprado a prazo no Brasil: de papel higiênico a cirurgia plástica.

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