sexta-feira, 28 de dezembro de 2012

Renan Calheiros articula retorno à presidência do Senado

Renan Calheiros

Com apoio do governo e de parte da oposição, o senador Renan Calheiros (PMDB-AL) tem alinhavada sua volta à presidência do Senado Federal em 2013. Pouco mais de cinco anos após renunciar ao cargo, acossado por denúncias de corrupção, o peemedebista pretende acertar as contas com o próprio passado. Renan mira o retorno desde que se elegeu para o terceiro mandato como senador, em 2010. Discreto, intensificou ao longo do ano a articulação para suceder José Sarney (PMDB-AP), um trabalho realizado com êxito. Atual líder do PMDB no Senado, o alagoano tem a vitória prevista mesmo sem oficializar a candidatura, o que só será feito na véspera da eleição de fevereiro, após o recesso parlamentar. O silêncio é estratégico. Renan teme que a imprensa relembre o escândalo que forçou sua saída ou traga denúncias capazes de inviabilizar a volta à presidência. Ele ocupou o principal cargo do Congresso de 2005 a dezembro de 2007, quando apresentou sua renúncia, abatido pelo escândalo batizado de "Renangate". A onda de denúncias se estendeu por seis meses. Reportagens indicaram que um lobista pagava as despesas do senador, incluindo pensão à jornalista Mônica Veloso, com quem ele teve uma filha. O parlamentar também foi acusado de ter uma sociedade informal com um usineiro em emissoras de rádio e um jornal em Alagoas. Apesar de ter escapado duas vezes da cassação, acabou renunciando. Hábil nas costuras políticas, Renan reconquistou espaço. O apoio de Sarney e do líder petebista Gim Argello (DF) deram envergadura para sua candidatura, que ganhou recentemente respaldo até de oposicionistas. Ao trabalhar para derrubar o relatório do deputado Odair Cunha (PT-MG) na CPI do Cachoeira, livrando o governador de Goiás Marconi Perillo (PSDB) do indiciamento, o senador obteve o auxílio da bancada tucana. A manobra de Renan Calheiros na CPI do Cachoeira para livrar o governador Marconi Perillo (PSDB-GO) do indiciamento, além de garantir o apoio dos tucanos, sufocou uma possível candidatura alternativa do colega de partido Luiz Henrique (SC), apoiado por dissidentes do PMDB e por parlamentares de PDT, PSOL e PP. "A vitória do Renan é só uma questão de protocolo", assegura um líder peemedebista. Apesar da chancela do Palácio do Planalto, Renan já teve o nome questionado pelo governo. A presidente Dilma Rousseff preferia ver o atual ministro de Minas e Energia, Edison Lobão, à frente do Senado. Cedeu para agradar ao PMDB, partido do vice-presidente Michel Temer. O recuo ocorreu no meio do ano, quando o PSB do governador pernambucano Eduardo Campos rompeu com o PT na disputa pelas prefeituras de Recife e Belo Horizonte. Ao identificar um provável adversário em 2014, a presidente fortaleceu a relação com Temer. Em nome da aliança das duas siglas, acataria o nome escolhido pelo PMDB. Apoiado por Temer e Sarney, Renan tratou de melhorar sua imagem no Planalto. Aproveitou a liderança do partido no Senado para trabalhar pelo interesses do governo. Seu principal teste foi a relatoria da medida provisória 579, usada para assegurar a redução na tarifa de energia prometida por Dilma. O texto passou no Senado da forma como o governo pretendia. A reconhecida habilidade de barganha do alagoano tranquiliza o Planalto.

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