domingo, 16 de dezembro de 2012

Relatório mostra livre acesso de acusado a gabinete presidencial


Apontado pela Polícia Federal como líder da quadrilha descoberta pela Operação Porto Seguro, o ex-diretor da ANA (Agência Nacional de Águas) Paulo Vieira tinha livre acesso para reuniões no gabinete da Presidência da República em São Paulo. É o que revela um telefonema gravado pela Polícia Federal, em junho deste ano, entre Paulo e o deputado federal Valdemar Costa Neto (PR-SP), condenado no Mensalão do PT. As informações constam em áudios, e-mails e relatórios da Polícia Federal,  com citações a autoridades com foro privilegiado. O documento foi enviado para a Procuradoria-Geral da República e para a Câmara dos Deputados. Ele afirma que as autoridades, “salvo melhor juízo, não figuram com envolvidos” no esquema. Em sua maioria, há citações indiretas. Na conversa, Valdemar pede que Paulo receba um “amigo que precisava de um negócio seu” pessoalmente. Vieira então pede que ele o encontre no escritório da Presidência em São Paulo, “onde geralmente o pessoal do governo despacha”. O escritório era chefiado por Rosemary Noronha, indicada ao cargo por Lula, seu amante, e denunciada por envolvimento com a quadrilha. Vieira demonstra ter livre trânsito no gabinete. O delator do esquema, Cyonil Borges, já havia relatado ter se reunido  com ele no local. Nas conversas com Vieira, Rosemary relata uma tentativa frustrada de José Dirceu em se reunir com um ministro do Supremo Tribunal Federal, antes do início do julgamento do mensalão. No dia 10 de junho Rosemary diz a Vieira, mencionando José Dirceu, que uma conversa “foi marcada à revelia, sem o cara saber”. Não é dito quem é o “cara”. Na sequência, diz que Evanise Santos, mulher de Dirceu, encontrou com o ministro do Supremo, José Dias Toffoli, em um vôo de Brasília para São Paulo, no mesmo horário em que José Dirceu deveria, segundo Rose, estar se reunindo com um ministro. No dia 12 de novembro, horas antes de José Dirceu ser condenado, Vieira sugere pedir ajuda a alguém apelidado de “Deus”. Rosemary responde: “Ele não vai fazer absolutamente nada”. Rosemary remete o caso a Santo André, cidade cujo prefeito petista Celso Daniel foi assassinado em 2002. “É! Ou vai ver que ele sabe de muita coisa. Tem uns problemas aí, lá de Santo André”.

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