domingo, 16 de dezembro de 2012

Leilão A-5 tem baixa demanda e recorde de preço mínimo de eólica


O leilão de energia A-5, que contrata energia para 2017, contratou apenas 303,5 megawatts (MW) médios de energia assegurada de duas usinas hidrelétricas e de dez empreendimentos eólicos, o que foi atribuído à sobrecontratação das distribuidoras de energia e "em parte" pelo crescimento da economia menor que o esperado. "São dois efeitos: uma parte é a economia e uma parte é o fato de termos no portfólio das distribuidoras a Bertin", disse o presidente da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), Maurício Tolmasquim. Ele se referiu a cerca de 2 mil MW médios de energia das termelétricas do grupo Bertin que venderam energia em leilões passados, mas que não entraram ou não entrarão em operação, conforme previsto. Assim, as distribuidoras que já compraram a energia dessas usinas terão que contratar nova energia para substituir o que estava contratado e que não será entregue. Mas a retirada das usinas da Bertin do portfólio das distribuidoras ainda não foi resolvida pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), já que o grupo está protegido por decisão da Justiça. Apesar da baixa demanda declarada pelas distribuidoras, Tolmasquim avaliou o leilão como "um sucesso", devido aos preços competitivos, à contratação apenas de fontes renováveis e à participação de estatais, empresas privadas e investidores estrangeiros. "Esse leilão foi uma demonstração cabal de que o interesse no setor elétrico é imenso. Nós tivemos, até o último momento, uma competição de um número enorme de empreendedores", disse. O mercado aguardava o leilão de sexta-feira para avaliar se as mudanças nas regras do setor elétrico no que diz respeito à renovação das concessões que vencem entre 2015 e 2017 poderiam trazer algum tipo de incerteza aos investidores, que poderiam ser mais cautelosos em investimentos futuros. Tolmasquim disse que as empresas estatais Furnas, Chesf e Eletrosul (todas da Eletrobras) além de Cemig e Copel chegaram a disputar o leilão. A Eletrobras é uma das empresas mais afetadas pela renovação das concessões com perda de receita, e Cemig e Copel estão entre as empresas que não aceitaram a renovação de suas concessões de geração de energia. O preço-médio da energia eólica contratada ficou a 87,94 reais por megawatts-hora (MWh) - o menor já vendido em um leilão dessa fonte. Anteriormente, o preço mais baixo de energia eólica já vendida em um leilão foi de 96,49 reais por MWh, em 2011. "A níveis internacionais é um preço bastante baixo", disse Tolmasquim ao acrescentar que o cenário era negativo para as eólicas neste momento, já que o BNDES "deixou mais rígidas" as regras para os fabricantes de aerogeradores se adequarem para o financiamento e por causa da desvalorização cambial. Das dez usinas eólicas que venderam energia, sete são da Bioenergy, no Maranhão, uma da Renova Energia (BA), uma da Enerfin (RS) e uma da EGP-Serra Azul (BA). O único novo projeto de grande usina hidrelétrica a vender energia no leilão foi a usina Cachoeira Caldeirão (AP), com 219 MW, arrematada pela Energias do Brasil. O outro projeto que vendeu energia no certame foi o projeto de ampliação de Santo Antonio do Jari (AP), usina que já pertence à Energias do Brasil. As usinas hidrelétricas do rio Parnaíba - as três usinas do Complexo Baixo Parnaíba (PI e MA) e a hidrelétrica Ribeiro Gonçalves (MA) - não tiveram empreendedores interessados em sua concessão, segundo Tolmasquim.

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