quinta-feira, 20 de dezembro de 2012

Joaquim Barbosa diz que Marco Maia não tem como mudar penas do Mensalão do PT


O presidente do Supremo Tribunal Federal e relator do processo do Mensalão do PT, ministro Joaquim Barbosa, disse nesta quinta-feira que o presidente da Câmara dos Deputados, deputado federal Marco Maia (PT-RS), não tem o poder de mudar as consequências das decisões tomadas pelo Supremo no processo do Mensalão do PT. Marco Maia tem dito em entrevistas que o Supremo não pode interferir na questão do mandato dos parlamentares condenados na ação: João Paulo Cunha (PT-SP), Pedro Henry (PP-MT) e Valdemar Costa Neto (PR-SP), e tem visto a execução antecipada das sentenças com ressalvas. Perguntado sobre a hipótese de abrigar os condenados na Casa Legislativa, caso as prisões sejam decretadas por Barbosa, Marco Maia não decartou a possibilidade e argumentou que os parlamentares só podem ser presos em flagrante delito ou depois de condenação transitada em julgado, como prevê a Constituição. “Acredito que o deputado Marco Maia não será a autoridade do Poder Legislativo que terá a incumbência de dar cumprimento à decisão. Portanto, o que ele diz hoje não terá nenhuma repercussão no futuro ou no momento adequado de execução das penas decididas pelo plenário do Supremo”, disse Barbosa, em entrevista coletiva na tarde desta quinta-feira. "A proposição de medidas dessa natureza, de acolher condenados pela Justiça nas Casas do Congresso, é violação das mais graves à Constituição brasileira", acrescentou. O ministro ainda negou que o Supremo esteja cometendo ingerências no Poder Legislativo, alegando que as condenações do Mensalão do PT são conseqüências de crimes praticados por figuras públicas, e criticou os entendimentos contrários: “É falta de compreensão do nosso sistema político constitucional, falta de leitura, de conhecimento, do próprio país, da Constituição, não compreender o funcionamento regular das instituições. Tudo o que ocorreu aqui nesta semana são fenômenos normais regulares em um sistema de governo como o nosso”. Joaquim Barbosa comentou sobre as declarações de Marco Maia, que vinculou a nomeação ou cassação de ministros do Supremo à decisão do Parlamento: “Vivemos em democracia em que não há lugar para qualquer tipo de ameaças. Trata-se de desconhecimento puro das instituições políticas brasileiras. Não é o Parlamento quem nomeia ministro do Supremo. Quem nomeia é o presidente da República, que ouve o Senado, que sabatina o indicado ao cargo”. Sobre possíveis processos de cassação contra ministros da Corte, Joaquim Barbosa afirmou que o simples fato de o Supremo cumprir sua função, julgando processos criminais, não abre espaço para isso: “Há um erro grosseiro de análise das instituições brasileiras”.

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