domingo, 16 de dezembro de 2012

Escândalo derrubou investimento no Ministério dos Transportes


O Ministério dos Transportes foi o principal responsável pelo baixo ritmo de investimentos do governo Dilma em 2012. De acordo com levantamento da ONG Contas Abertas, a pasta reduziu em 17,4% os recursos aplicados neste ano. O porcentual representa uma retração de 1,8 bilhão de reais em investimentos em obras e na compra de equipamentos. Por trás dos maus resultados deste ano está a adequação dos principais órgãos da pasta a mudanças adotadas na esteira do escândalo de corrupção descoberto nos Transportes em 2011. Ao todo, o ministério aplicou 9 bilhões de reais neste exercício, ante 10,9 bilhões de reais em 2011. O valor fica ainda menor se comparado ao de 2010, quando 11,2  bilhões de reais foram investidos. A previsão era que 17,4 bilhões de reais fossem aplicados em 2012, o maior montante dentre os 38 órgãos da administração direta. Principal órgão dos Transportes, o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) investiu 9,5 bilhões de reais em 2011, enquanto no mesmo período deste ano as aplicações foram de apenas 7,7 bilhões de reais. Em razão das irregularidades, foi implantada nova metodologia de trabalho que valoriza a elaboração de projetos executivos, “o que retarda um pouco a contratação de novas obras”, diz a assessoria do órgão. Na Valec, responsável por coordenar, executar, controlar, revisar, fiscalizar e administrar obras de infraestrutura ferroviária, a situação não é diferente. Nos onze primeiros meses de 2010, os investimentos foram de 2 bilhões de reais. Em 2011 e 2012, caíram para 1,3 bilhão de reais e 890 milhões de reais, respectivamente. Segundo o órgão, a queda no desempenho também é efeito do escândalo. No ano passado todos os processos de licitação e contratação foram suspensos por vários meses. “Além disso, houve a necessidade de revisão de vários trechos dos projetos que estavam em andamento e de alteração de novos projetos, fazendo com que o ritmo das obras sofresse desaceleração ou paralisações por algum tempo”, afirmou assessoria. O senador Clésio Andrade (PMDB-MG), presidente da Confederação Nacional do Transporte (CNT), afirmou que uma das principais razões do não investimento é que o governo não dispõe de projetos prontos para obras já decididas como prioritárias e estratégicas. “Os valores dos investimentos no setor ficam muito abaixo das necessidades e poderiam ser mais expressivos”, citou. Andrade ressaltou ainda que os investimentos em infraestrutura elevam a demanda agregada, a capacidade produtiva da economia e a competitividade de todos os atores. “É de conhecimento comum que investimentos em logística, ou seja, na construção, duplicação e melhoria de estradas e ferrovias, portos e aeroportos, e obras correlacionadas, são um dos principais instrumentos de impulsão do crescimento”, diz o senador. Até novembro, o governo federal investiu apenas 45% dos 90,4 bilhões de reais previstos para este ano. O baixo ritmo dos investimentos da União tem impacto direto no desemprenho da economia brasileira, ou seja, contribuiu para o “Pibinho” de 0,6% registrado no terceiro trimestre de 2012. 

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