terça-feira, 27 de novembro de 2012

Servidor do TCU diz que nunca quis aceitar propina de esquema


Delator do esquema de venda de pareceres e laudos técnicos que levou à Operação Porto Seguro da Polícia Federal, o auditor do Tribunal de Contas da União, Cyonil da Cunha Borges de Farias Júnior, veio a público no domingo para negar que tenha aceitado inicialmente R$ 100 mil em propina e depois se arrependido, como divulgado pela Polícia Federal. "Fico triste pelo tratamento dado pela mídia e órgãos de fiscalização, afinal não aceitei, logo não teria como me arrepender. Nunca aceitei qualquer R$", escreveu Cyonil em um fórum de debates na internet. Cyonil relata que o suposto corruptor (Paulo Vieira) o "caçou" pela cidade, escreveu "milhões de e-mails" e foi até a portaria do seu prédio para oferecer dinheiro. O auditor afirma que não desceu até a portaria do edifício na ocasião e que se mudou de endereço após o episódio. Autor de livros sobre direito administrativo e professor de cursinhos preparatórios para concursos públicos, Cyonil fez o desabafo no Fórum Concurseiros, em um tópico de debates aberto por seus ex-alunos. Em dois dias, o debate acumulava mais de 500 comentários. Os estudantes queriam saber o motivo de o professor - tido por muitos como exemplo de ética e retidão - ter seu nome envolvido no escândalo que derrubou a chefe de gabinete da Presidência da República em São Paulo, Rosemary Noronha, e o número 2 da Advocacia-Geral da União, José Weber de Holanda Alves. Segundo seu relato, Vieira se beneficiou da proximidade pessoal para tentar corrompê-lo. "Tinha o cara, inicialmente, como brother (…) Bati pino, não achava que ele fosse capaz de uma p... desta", escreveu. Após a insistência de Vieira, Cyonil relata que começou a reunir provas da tentativa de suborno para apresentar uma denúncia consistente à Polícia Federal: "Juntei tudo, até meus extratos bancários, algumas gravações que fiz". Ele afirma que detém muitos outros detalhes do processo ainda não revelados, mas não os divulgará até o fim do inquérito da Polícia Federal. "Há milhões de outras informações. Foram três anos de e-mails guardados. Que bandido guarda os e-mails na caixa de entrada e saída? Acho que só eu, né?", provoca. Segundo Cyonil, ao apresentar os documentos à Polícia Federal, foi chamado de "louco" pelos agentes e advertido que os envolvidos no esquema "arrancariam o seu couro". Ele fez à denúncia em janeiro de 2011, três anos após os primeiros contatos de Vieira. O servidor diz ainda que sofreu paralisia facial ao longo do processo e que a denúncia afetou sua vida pessoal: "Fiquei calado esse tempo todo, ninguém sabia, inicialmente nem a esposa. Imaginem a fera como ficou. Minha vida já vai virar um inferno a partir de agora".

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