sexta-feira, 16 de novembro de 2012

Relatório liga Operação Águas Claras a Carlinhos Cachoeira


Empresários acusados de formarem cartel para fraudar licitações de autarquias e companhias de água em municípios de cinco Estados podem ter ligações com o contraventor Carlinhos Cachoeira, preso em Brasília desde fevereiro. Relatório de inteligência da Operação Águas Claras, missão integrada da Polícia Civil e do Ministério Público, revela que João Arthur Rassi, alvo da investigação, é irmão de Luiz Alberto Rassi, estabelecido em Goiânia e que tem relações próximas com Carlinhos Cachoeira. Interceptações telefônicas mostram negócios dos Rassi com o grupo do contraventor em 2011. Grampos expõem Luiz Alberto "negociando consórcios e divisões de lotes de licitações no Estado de Goiás com emissários de Carlinhos Cachoeira, mas que a decisão final dependeria de aval da Construtora Delta". João Arthur é dono da Construtora Santa Tereza. A Operação Águas Claras identificou fraudes em pelo menos 16 contratos firmados por 29 empresários do setor de medição e leitura de consumo de água com administrações de municípios de São Paulo, Santa Catarina, Ceará, Piauí e Goiás. A investigação mostra que os empresários criaram a Associação Brasil Medição, com sede em São Paulo, supostamente com o fim de tramar ajustes de preços e editais para fraudar licitações. A Construtora Delta, carro-chefe do escândalo Cachoeira, é uma das vinte associadas da entidade. O presidente da Brasil Medição, Joaquim Carvalho Motta Junior, é citado na operação. "Na qualidade de presidente da associação e em conluio com os demais sócios e diretores das empresas indicadas nestes relatórios, frustrou o caráter competitivo das licitações de que participou, promovendo acordos para o direcionamento das licitações e ajustes para a fixação de preços", afirma o relatório. Segundo o Ministério Público, a associação "ocultava reuniões secretas onde os negócios escusos do bando eram combinados, sendo recolhidas evidências a respeito da conjuração existente entre as variadas pessoas jurídicas para burlar certames licitatórios, com o alijamento de quaisquer outras concorrentes". Graduado em engenharia elétrica, Motta Junior preside o Grupo TCM, com atuação, desde 1992, na prestação de serviços de leitura e entrega de contas de água, gás e energia. O vice de Motta Junior na Brasil Medição é o empresário Reynaldo Costa Filho, sócio da Allsan Engenharia, líder da organização, segundo a polícia. A Allsan é uma das maiores empresas do País na área de medição de consumo. Costa Filho foi preso por ordem judicial. Escutas telefônicas indicam negociações entre ele e Lourival Nery, empresário piauiense e diretor financeiro da Companhia Brasileira de Trens Urbanos (CBTU), vinculada ao Ministério das Cidades.

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