quarta-feira, 21 de novembro de 2012

Petista relator da CPI do Cachoeira quer investigação sobre o procurador federal Roberto Gurgel


O relator da CPI do Cachoeira, deputado Odair Cunha (PT-MG), cedeu à pressão da cúpula petista e propôs que o Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP) investigue o procurador-geral da República, Roberto Gurgel, que sustentou a denúncia do processo do mensalão no Supremo Tribunal Federal. O texto também pede o indiciamento do jornalista Policarpo Junior, redator-chefe da revista Veja, e outras 45 pessoas, incluindo o governador de Goiás, Marconi Perillo (PSDB), e o prefeito de Palmas, Raul Filho (PT). No relatório, o deputado petista afirma que Roberto Gurgel suspendeu "sem justificativa" as investigações da Operação Vegas, da Polícia Federal, iniciada em 2009, que apontou os primeiros indícios de ligação do contraventor com parlamentares, entre eles o senador cassado Demóstenes Torres (sem partido-GO). O procurador-geral informou à comissão que decidiu parar as investigações da Vegas para encontrar elementos mais fortes da atuação de Cachoeira. Segundo Gurgel, isso só ocorreu quando foi deflagrada a Operação Monte Carlo, que prendeu Cachoeira em 29 de fevereiro. Entretanto, o relator sustenta que as duas operações têm origens distintas, não havendo motivo para a paralisação da Vegas. "Não estou afirmando nada, estou colocando essa questão do Procuradoria Geral da República na pauta. Ele precisa se explicar", afirmou Cunha. Desde o início da CPI, Gurgel tornou-se alvo dos petistas e do ex-presidente e hoje senador Fernando Collor (PTB-AL). O chefe do Ministério Público foi o responsável por defender a condenação das principais personalidades do PT no processo do Mensalão, como o ex-ministro José Dirceu. Incentivado pelo ex-presidente Lula, a comissão foi idealizada para tentar neutralizar o julgamento no Supremo. Cunha pediu o indiciamento do jornalista Policarpo Junior por formação de quadrilha, sob a alegação das relações "constantes e permanentes" com Cachoeira. As conversas entre o jornalista e o contraventor levaram à produção de reportagens publicadas na revista. "Todas as pessoas que, de alguma forma, contribuíram em favor dos interesses da quadrilha tiveram o pedido de indiciamento. E ele (Policarpo Junior) sabia dos interesses da quadrilha", afirmou Cunha. No texto, o relator da CPI sugere o indiciamento de Perillo por seis crimes, entre eles corrupção passiva e formação de quadrilha. O relatório de 5 mil páginas livrou o governador do Distrito Federal, Agnelo Queiroz (PT). Havia a suspeita de que o governo de Brasília havia favorecido a empreiteira Delta, ligada a Cachoeira, em contrato para a coleta de lixo. Outro governador excluído do texto final é Sérgio Cabral (PMDB-RJ). Cunha destacou no relatório que Cachoeira mantinha empresas-fantasmas que receberam R$ 98 milhões da Delta. A comissão, contudo, não conseguiu rastrear o destino da maior parte desse dinheiro. Uma das suspeitas era o pagamento de propina a políticos.

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