terça-feira, 27 de novembro de 2012

LEI DOS ROYALTIES É MESMO UM ABSURDO, E FUI DOS PRIMEIROS A ESCREVER ISSO. MAS "PROTESTO A FAVOR", DE CABRAL, É UMA PATUSCADA CAFONA, COMO SE O BRASIL FOSSE UMA MONARQUIA ABSOLUTISTA....


Do jornalista Reinaldo Azevedo - Quando gosto, digo “sim”; quando não, “não”. Assistimos no Rio de Janeiro a mais uma daquelas manifestações de “protesto a favor”, que o governador Sérgio Cabral é craque em convocar, com o apoio quase unânime da imprensa, de artistas, de descolados em geral. Atenção! Quando os socialistas de Leblon, Copacabana e Ipanema nem haviam se dado conta dessa questão, eu já protestava aqui, como provam os arquivos. Basta fazer uma pesquisa. Sou contra a lei aprovada no Congresso. É claro que ela é ruim para o Rio de Janeiro e para o Espírito Santo em particular — embora, claro!, o governo fluminense devesse parar de promover uma espécie de guerra fiscal com empresas ligadas à área do petróleo. Mas tratarei desse assunto uma outra hora. O essencial é isto: EU CRITIQUEI A LEI APROVADA E ACHEI QUE ERA MESMO UMA TUNGADA INACEITÁVEL. De resto, cumpre lembrar que outros Estados são produtores de outras riquezas do subsolo, pelas quais também recebem royalties. Vão dividir tudo com todo mundo, fraternalmente??? Ora… Assim, não venham me acusar, como fazem alguns tolos, de ter má vontade com o Rio de Janeiro. Ao contrário! Eu adoro o Rio. Mas não me peçam para endossar as patuscadas de Sérgio Cabral, esse arremedo de sociedade civil movida pelos royalties do petróleo. Isso é chato e cafona. Até porque, convenham, se massa na rua convence alguém, é possível botar muito mais gente, nos Estados não-produtores, para pedir a divisão igualitária. Se é “povo na rua” que conta, o bom senso pode perder. Fui claro, ou alguém precisa de um desenho? Isso é marketing pessoal de Sérgio Cabral, a que aderem setores da imprensa e artistas — como de costume, engajados em causas nobres. Ora, por que se chegou a essa situação? Porque o governo Lula deixou que a proposta estúpida prosperasse no Congresso sem mover uma palha. A então candidata à Presidência, Dilma Rousseff, fugiu do tema em 2010 como o diabo foge da Cruz — se bem que, na campanha, ela correu atrás da Cruz, talvez correndo do diabo, sei lá… Lembro que o então candidato tucano à Presidência, José Serra, teve a coragem de se dizer contrário à mudança da lei. A Soberana, no entanto, não queria perder votos nos estados não-produtores. Foram, respectivamente, os governos Lula e Dilma que permitiram que situação chegasse a esse ponto. Pergunta óbvia: ela não estará enganando os eleitores daquelas unidades da federação se vetar a lei, como cobra Cabral? Mais: eu não vivo numa monarquia absolutista, ainda que amorosa, em que a população sai às ruas para “sugerir” à generosa Soberana que ouça o nosso clamor. Até onde sei, este troço é uma República, e as decisões têm peso político. Cabralzinho, no entanto, quer fazer tudo com o seu jeitinho lenço na cabeça, na boquinha da garrafa… Ora que graça! O protesto de ontem era, deixem-me ver, contra o Congresso — a maioria dele ao menos — e, à sua maneira, a favor do governo; aquele mesmo que decidiu não decidir para não perder votos. Aderir à festa cabralina sem nem mesmo contextualizar o debate é coisa de tontos. Quando se é imprensa, é coisa de enganadores. E eu, lamento!, não entro nessa! Cabral é um dos mais notórios, como posso chamar?, bajuladores de Dilma. Até agora, ela não moveu uma palha para valer para impedir a tungada no Rio. E ele decide, como reação, dobrar a dose de puxa-saquismo para ver se, desta vez, vai. Talvez vá… E o puxa-saquismo terá sido, então, alçado a uma categoria política respeitável. Tô fora!!! Fico sabendo que Caetano foi, hehe. Quando Caetano fala sobre petróleo, tudo fica mais claro.
Leiam texto sobre o evento publicado na VEJA.com:
Com público limitado, artistas e autoridades pedem veto de Dilma à mudança nos royalties
Com público menor do que a multidão esperada pelo governo do estado do Rio, autoridades e artistas se reuniram no centro do Rio nesta segunda-feira para pedir o veto da presidente Dilma Rousseff ao projeto de lei que prevê a redistribuição dos royalties e participações especiais, que aguarda sanção presidencial. A Polícia Militar chegou a estimar um público de 200.000 na caminhada da Candelária à Cinelândia, mas mesmo quando o show de música popular estava prestes a começar o mestre de cerimônias do evento, entre os gritos de “veta, Dilma”, pedia que as pessoas preenchessem o canto esquerdo da praça. A força do convencimento deve ficar, assim, mais a cargo das celebridades de peso do que do público, que deixou vários clarões no asfalto. O time de famosos era o chamariz para o público. No telão, atrizes como Glória Pires e Fernanda Montenegro davam o recado para os fluminenses. Ao microfone, Fernanda Abreu, Xuxa e Mc Bochecha pediram que a União vetasse a proposta que mexe com os campos já licitados. Aos políticos foi reservado um salão na Câmara dos Vereadores, em frente ao palco, para dar entrevista à imprensa. Os governadores do Rio, Sérgio Cabral (PMDB), e do Espírito Santo, Renato Casagrande (PSB), fizeram novo apelo a Dilma e lembraram que a presidente, em outras ocasiões, se mostrou contrária às mudanças na distribuição dos royalties em poços em exploração. “Com o veto parcial, Dilma vai dar o caminho da pacificação”, afirmou Cabral, reforçando que a passeata “Veta Dilma: contra a injustiça, em defesa do Rio” não pede benefícios para o Rio em relação ao pré-sal. Casagrande emendou: “Ao vetar, ela põe racionalidade na decisão”. “O nosso recado é para que se defendam princípios. Os números das perdas são graves e arrebatadores. Porém, essa manifestação é mais do que isso. Pedimos a garantia dos princípios legais. Quando Lula era presidente e Dilma chefe da Casa Civil, o governo teve a preocupação de, ao mandar uma mensagem de mudança no marco regulatório que colocava o sistema de partilha, não invadir os campos licitados”, argumentou Cabral. Os governadores prometeram apoiar outros estados que vierem a ter seus direitos ameaçados. Os dois estavam acompanhados do vice-governador do Rio, Luiz Fernando Pezão, do senador Lindbergh Farias, do presidente da Assembleia Legislativa do Rio, Paulo Melo, do presidente da Câmara dos Vereadores, Jorge Felipe, e do secretário estadual da Casa Civil, Régis Fichtner. O secretário de Energia de São Paulo, José Aníbal, esteve presente, mas não ficou para a coletiva de imprensa. Cabral, dessa vez, não chorou. Depois das críticas de que tratava a questão dos royalties com o estômago, o governador mostrou uma postura um pouco mais sóbria. Sem deixar, no entanto, de pressionar a presidente: “Pedimos a Dilma e eu tenho certeza absoluta de que ela vai atender o Rio”. Os políticos do Rio estavam com uma blusa estampada o nome da passeata. Casagrande vestia uma camiseta branca com os dizeres: “O direito é para ser respeitado”. O Espírito Santo, pelos cálculos do governador, perderá um bilhão de reais em 2013, caso o projeto seja aprovado. “Esse ato é carregado de esperança. É um ato para demonstrar o apoio à presidente Dilma, que já disse ser contra o rompimento de contratos. Todos sabem a posição dela”, afirmou Casagrande.  No Rio, os números da perda para o próximo ano segue sem consenso. Cabral afirmou nesta segunda-feira que o estado e os municípios deixarão de receber 6,5 bilhões. Segundo ele, a ausência desses recursos compromete, por exemplo, a área da segurança. “Em 2006, a folha de pagamento da segurança foi de 2,5 bilhões. Este ano passa a 5 bilhões. No ano que vem, deve chegar a quase 7 bilhões”, disse.

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