terça-feira, 27 de novembro de 2012

Ex-ministro, senador e prefeitos estão entre vítimas de crimes investigados pela Operação Durkheim


Um ex-ministro, um senador, dois prefeitos e dois desembargadores, um delegado de Polícia Civil, uma filial de emissora de TV e um banco estão entre as vítimas das organizações criminosas investigadas pela Polícia Federal (PF) na Operação Durkheim. Os nomes das vítimas e dos investigados não foram divulgados pela Polícia Federal porque o inquérito está sob segredo de Justiça. Todas as vítimas deverão prestar depoimento à polícia nas próximas semanas. A operação investiga duas organizações criminosas. Uma delas, composta por vendedores de informações sigilosas e pessoas que tinham acesso a dados sigilosos, tais como funcionários de empresas de telefonia, bancos e servidores públicos. A outra tinha como finalidade remeter dinheiro ao exterior por meio de atividades de câmbio sem autorização do Banco Central. Segundo Roberto Troncon, superintendente da Polícia Federal em São Paulo, foram cumpridos nesta segunda-feira 33 mandados de prisão temporária e 87 mandados de busca e apreensão em seis estados: São Paulo, Rio de Janeiro, Goiás, Distrito Federal, Pernambuco e Pará. “Um grupo era especializado na espionagem ilegal da vida privada e usava reiteradamente a violação de sigilos fiscal, telefônico, bancário e até mesmo consulta de banco de dados criminais protegidos. O segundo grupo era especializado em remessas ilegais de valores ao Exterior, os chamados doleiros, que atuavam por meio de operações de dólar cabo ou euro cabo”, explicou Troncon. Na operação, dez policiais foram investigados: três deles eram federais, sendo um aposentado. Também foi identificado o envolvimento de cinco policiais civis e dois policiais militares. “Há suspeita de que esses grupos devassaram, ilegalmente, o sigilo bancário, fiscal e telefônico de milhares de vítimas. Comprovadamente, 180 vítimas foram alvo desses grupos”, disse Troncon. Segundo o delegado Julio Cesar Baida Filho, foram pedidos os bloqueios de 20 contas no Brasil em nome de pessoas jurídicas de fachada., além da solicitação da quebra do sigilo dessas contas. Somente nesta segunda-feira, continuou o delegado, R$ 600 mil e 27 carros de luxo foram apreendidos. “Essas transações causavam estranheza porque não eram pequenas quantias que eram remetidas para o Exterior. Eram quantias muito altas, de mais de R$ 1 milhão por semana”, disse Baida Filho. De acordo com ele, 73 pessoas foram indiciadas até o momento. O delegado informou que a organização pode ter movimentado entre R$ 4 milhões a R$ 5 milhões por mês. O inquérito teve início em setembro de 2011, após o suicídio de um policial federal em Campinas (SP), em dezembro de 2010. A operação recebeu o nome Durkheim em referência ao intelectual francês Émile Durkheim, que escreveu o livro "O Suicídio". “Esse policial cometeu suicídio, mas antes de fazê-lo, divulgou uma série de dados relevantes sobre envolvimento de outros policiais em atos de corrupção e violação ilegal de informações sigilosas”, disse Troncon.

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