quarta-feira, 14 de novembro de 2012

Atentados em Santa Catarina expõem guerra entre facção criminosa e órgãos de Segurança Pública


A recente onda de atentados em Santa Catarina expõe uma batalha travada silenciosamente entre os órgãos de Segurança Pública e integrantes da facção criminosa Primeiro Grupo Catarinense (PGC) há dois anos no Estado vizinho. Por trás dos ataques a ônibus, viaturas e postos policiais está a disputa pelo controle do interior das cadeias catarinenses. Desde o início de 2011, mais de 40 detentos do grupo criminoso ligado ao tráfico de entorpecentes foram transferidos para penitenciárias federais em outros Estados. A medida descontentou líderes da facção que, depois das primeiras 19 transferências, ordenaram em abril do ano passado a execução dos diretores da Penitenciária de São Pedro de Alcântara, Carlos Antônio Alves, e do Departamento de Administração Penal (Deap), Adércio Velter. Os alvos não foram escolhidos a esmo. Com fama de linha dura, Gonçalves administra a penitenciária onde estão trancafiados os maiores quadrilheiros catarinenses com carta branca de Velter, que tenta reduzir a força do PGC nas cadeias de Santa Catarina. O plano acabou sendo descoberto pela Polícia Civil. A investigação culminou na prisão de Davi Schroeder, o Gângster, apontado como um dos líderes do PGC. Sem a presença dos principais chefes da facção, o sistema prisional catarinense foi distensionado por alguns meses. Em abril passado, no entanto, o retorno às cadeias de Santa Catarina de quatro integrantes do PGC recrudesceu o conflito. Apesar de as autoridades não confirmarem a autoria dos recentes atentados, acredita-se que em busca de se consolidar como principal referência do crime organizado no Estado, o bando que começou a se formar em 2006 e ganhou unidade em 2009 decidiu externar seu descontentamento, contagiado pelos ataques do Primeiro Comando da Capital (PCC) em São Paulo. De acordo com um comunicado encaminhado pela agência de inteligência da Secretaria de Segurança Pública, foram interceptadas trocas de mensagens entre membros de uma facção criminosa que falavam sobre um ataque ao transporte público e a integrantes da Secretaria de Segurança Pública. Uma dessas mensagem acabou sendo enviada, supostamente, por engano, para o celular de um funcionário terceirizado do sistema prisional de Florianópolis. A mensagem, reproduzida em um email interno dos órgão de segurança dizia o seguinte: "Então os irmão que tão no mundão, é pra sair pra pista e sentar o dedo nesses vermes do Deap e taca fogo no busão, em resposta a covardia em são pedro, é o salve geral". Ainda no email, consta o número que enviou a mensagem e a explicação de que ele havia sido enviado à Polícia Civil para ser investigado.

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