domingo, 4 de novembro de 2012

Assassinato de coronel reformado do Exército, ex-chefe do Doi Codi, em Porto Alegre, pode ter sido um atentado político


O assassinato do coronel reformado do Exército, Júlio Miguel Molinas Dias, ex-chefe do Doi-Codi no Rio de Janeiro, pode ter sido um “justiçamento”, execução que costumava ser realizada por membros de organizações terroristas de esquerda após julgamentos secretos, clandestinos e sumários. O relato de uma testemunha da morte do coronel reformado do Exército, Júlio Miguel Molinas Dias, de 78 anos, revelou detalhes do crime. Segundo essa pessoa, um indivíduo estaria na carona do carro do coronel Dias quando iniciou o tiroteio no bairro Chácara das Pedras, em Porto Alegre, na noite da última quinta-feira. Além de colher depoimentos, o titular da 14ª Delegacia de Polícia (DP), delegado Luís Fernando Martins Oliveira, acompanhado de cinco agentes da Polícia Civil, conversou com familiares na casa do ex-militar na manhã de sexta-feira. Ele ainda procura câmeras de vigilância no entorno do local do crime que possam revelar mais detalhes. Conforme a testemunha relatou à polícia, Dias chegou à sua residência, em frente à Praça Antônio Prado, com uma pessoa no banco do carona. Um Gol vermelho seguia o Citröen C4 do ex-coronel. Uma das suspeitas é de que ele fora assaltado e os ladrões tinham a intenção de entrar em sua casa. As outras hipóteses são execução e tentativa de roubo de carro. Dias teria reagido ao estacionar o carro, mas o tiro não teria atingido o suspeito, que revidou, também disparando. Na sequência, o bandido teria descido do carro e arrancado o coronel da reserva de seu banco, iniciando uma luta corporal. Em seguida, o Gol teria encostado ao lado do C4  e o motorista do veículo atirado no coronel Julio Miguel Molinas Dias. O coronel reformado levou três tiros: um atingiu de raspão o braço esquerdo, um acertou o tórax e o terceiro a cabeça, próximo à sua orelha direita. Foram encontrados projéteis de armas calibre 9mm, .45 e .380. Os assassinos fugiram levando a arma do coronel Julio Miguel Molinas Dias. A trajetória do coronel está ligada ao aparelho repressivo da ditadura militar. Quando houve o atentado no Riocentro, em 30 de abril de 1981, ele comandava o DOI-Codi. Naquela noite de 31 anos atrás, enquanto ocorria um show no Riocentro pelo Dia do Trabalhador, o capitão Wilson Dias Machado e o sargento Guilherme do Rosário planejavam explodir uma bomba no pavilhão. Só que o artefato estourou antes, dentro de um automóvel Puma, matando o sargento e deixando o capitão gravemente ferido. O assassinato de Molinas Dias consternou clubes militares do país, que repercutiram o crime em seus sites. Discreto na profissão, também era reservado na vida privada. Nascido em São Borja, Molinas Dias residia há cerca de duas décadas no bairro Chácara das Pedras, em Porto Alegre. Desde que ficou viúvo, há quatro anos, morava só. Costumava almoçar ou jantar na casa de uma das duas filhas, em um bairro vizinho. Moradores lembram que o coronel era educado, mas sem alongar conversas.

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