segunda-feira, 8 de outubro de 2012

Noticiário parcial II – O caso Folha-UOL e o “pior desempenho”…


Do jornalista Reinaldo Azevedo - Se vocês recorreram aos arquivos dos dois grandes jornais paulistanos, Folha e Estadão, encontrarão pencas de “análises” sugerindo que o tucano José Serra não chegaria ao segundo turno das eleições. Afinal, era o que indicavam as ditas “pesquisas”, com seus analistas sempre muito percucientes e profundos, que agora deram para culpar os eleitores. Estes seriam inconstantes demais… Bem, se é assim, pesquisa pra quê? Todo resultado já nasceria velho, não é mesmo? Alguma coisa está fora da ordem com as pesquisas eleitorais, mas os “especialistas” preferem mesmo culpar os votantes. É mais ou menos como o médico que se irrita com o paciente porque não consegue diagnosticar o seu mal… Muito bem! Serra chegou em primeiro lugar, o que surpreendeu os gênios da análise. Não a mim. Em todas as eleições que disputou, teve mais votos do que lhe atribuíram os levantamentos. Mas sigamos.  Não se pense que ganhou uma folguinha do “jornalismo isento” por isso! De jeito nenhum! O UOL e a Folha não hesitaram: resolveram tisnar o que não deixou de ser uma conquista — afinal, dizia-se que estaria fora da disputa final — com um fato negativo: teve a mais baixa votação percentual das últimas quatro eleições. É mesmo? E o PT? Em 2004, Marta Suplicy obteve 35,82% dos votos válidos no primeiro turno; em 2006, para o governo de São Paulo, Mercadante ficou com 31,68%; em 2008, Marta Suplicy (de novo!) ficou com 32,79% para a prefeitura. Em 2010, na cidade, Dilma Rousseff arrebanhou 38,14%. Agora, em 2012, Fernando Haddad obteve 28,98%. Ou seja: o mais baixo percentual na cidade em cinco eleições. Mas, é certo, isso não será notícia.
O caso de 2006
A Folha é o veículo que mais explorou como coisa negativa o fato de Serra ter renunciado em 2006 à prefeitura para concorrer ao governo de São Paulo. Aliás, o tal papel assinado é coisa de um dos seus: Gilberto Dimenstein, que decidiu criminalizar o que é procedimento normal da política. Pois bem: Folha e UOL deram destaque agora a essa história de “o mais baixo desempenho”. Mas nunca fizeram o contrário quando os fatos apontavam… o contrário! A melhor marca de Serra na cidade foi obtida justamente em 2006: elegeu-se governador, no primeiro turno, com 53,1% dos votos válidos na cidade de que havia sido prefeito. Vale dizer: a melhor marca de Serra se deu justamente no ano em que ele tomou a decisão que é demonizada pelo jornal e por alguns de seus colunistas. Sim, eu digo em quem vou votar. Quero que o leitor saiba! Mas não distorço os fatos nem recorro a cortes de dados malandros. Fazê-lo para disfarçar a adesão a uma candidatura é trapaça. Finalmente, poder-se-ia defender aquela abordagem afirmando que decidiram comparar Serra com Serra, à diferença do que faço, comparando PT com PT. Pois é… O meu critério é melhor porque o que é permanente é o fato de os PARTIDOS disputarem eleições. De outro modo, um candidato teria de ser sempre novato para não ser comparado consigo mesmo. A justificativa, se dada, seria tosca. É evidente que o objetivo foi carimbar no candidato que não é da estima a pecha de “decadente”. A Folha, sempre tão atenta ao combate ao preconceito, há muito decidiu tratar Serra como ultrapassado, velho etc. Dia desses, uma senhora do jornal decidiu ironizá-lo porque não teria sabido se comportar adequadamente quando uma eleitora resolveu lhe beijar a boca meio de supetão. A sugestão que ficou é a de que, fosse ele mais jovem, teria se comportado como um daqueles seres líricos das músicas de Wando… Reitero: defendo que jornalistas e veículos possam fazer declaração de voto. O que não é aceitável é que o jornalismo faça coisas que não diz e diga coisas que não faz.

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