quarta-feira, 31 de outubro de 2012

Marcos Valério propõe receber proteção em troca de delação, ele teme ser morto na cadeia e propõe contar tudo sobre o Mensalão do PT


A assessoria do Supremo Tribunal Federal informou que o tribunal recebeu em setembro um fax, endereçado ao presidente Carlos Ayres Britto, no qual Marcos Valério, condenado como operador do esquema do Mensalão do PT, oferece a delação premiada (dar novas informações sobre o processo em troca de benefícios). A assessoria não informou quem enviou o fax. No documento, Marcos Valério pede "proteção" em troca da delação. O advogado Marcelo Leonardo, que defende Marcos Valério, disse que não comentará "especulações" sobre seu cliente. “Sobre isso, não tenho nada a declarar”, afirmou. Acusado pelo Ministério Público de ser o operador do Mensalão do PT, Marcos Valério foi considerado culpado pelo Supremo por cinco crimes (corrupção ativa, evasão de divisas, formação de quadrilha, lavagem de dinheiro e peculato) e condenado a 40 anos, 1 mês e 6 dias de prisão. Até o final do julgamento o tamanho da pena ainda pode mudar. Sob condição de anonimato, um dos ministros do Supremo disse que, nesta altura do julgamento, ainda que Marcos Valério preste novo depoimento com informações sobre o esquema do Mensalão do PT, a iniciativa não ajudaria a reduzir a pena. Segundo esse ministro, a única hipótese plausível para Marcos Valério ter proposto a delação premiada na reta final do julgamento é tentar evitar a prisão em regime fechado. Com a alegação de que tem a vida sob ameaça, ele poderia, em tese, obter um regime diferenciado de detenção, como a prisão domiciliar, na hipótese de colaborar com a Justiça revelando fatos sobre o Mensalão do PT ou outros supostos crimes cometidos pelos personagens envolvidos no esquema. “Acho que ele está temendo pela vida e está querendo proteção de testemunha. Se você dá a proteção de testemunha, obviamente que o cara não pode ficar na prisão, ou tem de ficar isolado", afirmou o ministro. Pelas regras do Supremo, o relator do Mensalão do PT, ministro Joaquim Barbosa, deveria analisar o pedido. Mas, é possível que o caso seja distribuído a outro ministro do Supremo porque, em 22 de novembro, Joaquim Barbosa assumirá a presidência do tribunal.

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