quinta-feira, 18 de outubro de 2012

Comissão da Verdade pede reparação pública sobre demissão de professora da USP


A Comissão Nacional da Verdade e a Comissão da Verdade de São Paulo encaminharam ofício ao Instituto de Química da Universidade de São Paulo (USP) pedindo reparação pública da demissão da professora Ana Rosa Kucinski. No documento, as duas comissões afirmam que o cancelamento da rescisão contratual, feito em ato formal pela reitoria da universidade, não é suficiente para consagrar uma “versão da história condizente com os fatos e com a dignidade da jovem professora, que lutou precipuamente por  uma sociedade mais justa e uma universidade mais democrática”. A professora foi desligada da universidade em 1975 por abandono de emprego, conforme relata o ofício. No entanto, Ana Rosa é considerada desaparecida política, de acordo com lista instituída pela Lei 9.140, de 1995. As comissões pedem que o Instituto de Química reveja publicamente essa decisão, reparando simbolicamente a família da professora. Segundo o documento, a decisão de reverter a demissão foi tomada em 18 de julho de 1995 e publicada no Diário Oficial do Estado no dia 27 do mesmo mês. “No auge da ditadura, a professora foi demitida pela maioria absoluta dos votos no Departamento de Química. Foram 13 votos a favor e duas abstenções. Estamos buscando reverter essa medida absurda”, disse o deputado estadual Adriano Diogo (PT), que preside a Comissão da Verdade de São Paulo. Esta é a primeira ação conjunta das duas comissões depois de firmado o acordo de cooperação entre as instituições, que também foi formalizado na quarta-feira. Ana Rosa Kucinski, nascida em 1942, foi vista pela última vez no dia 22 de abril de 1974 nas proximidades da Praça da República, em São Paulo. Desde então, a professora, que era militante da Ação Libertadora Nacional (ALN), está desaparecida. “Tendo conhecimento das violências praticadas pelo regime ditatorial, então vigente, a família desenvolveu uma busca incessante junto aos órgãos repressivos e governamentais. Contudo, o Estado brasileiro sempre negou qualquer responsabilidade pelo desaparecimento”, destaca o documento das comissões.

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