quarta-feira, 3 de outubro de 2012

Barbosa afirma que Dirceu liderou organização do Mensalão do PT


O relator do processo do Mensalão do PT no Supremo Tribunal Federal, ministro Joaquim Barbosa, afirmou que o ex-ministro da Casa Civil, José Dirceu, estava "em posição central e de liderança" na organização do esquema.  Segundo o relator, José Dirceu atuava nas duas pontas: "Primeiro, na promessa de vantagens indevidas dirigidas aos deputados federais que com ele se reuniam. Segundo, no pagamento das vantagens", afirmou Joaquim Barbosa. Na direção de que José Dirceu comandava o esquema, o ministro afirmou não ser comum que um publicitário, referindo-se a Marcos Valério Fernandes de Souza, estivesse presente na reunião do chefe da Casa Civil com presidentes de bancos. Os bancos foram os que fizeram empréstimos à empresa SMP&B, de Marcos Valério, que por sua fez foi o responsável por abastecer a distribuição do dinheiro aos parlamentares. O ministro afirmou ainda "não ser absolutamente comum" que os assuntos tratados pelos dirigentes de bancos não guardassem relação com as atribuições do ministro da Casa Civil, como a liquidação do Banco Mercantil e sobre uma mina de nióbio. Joaquim Barbosa destacou que o próprio José Dirceu disse ser o responsável pela articulação política e fortalecimento da base aliada no Congresso. Citou diversos depoimentos mostrando que muitos dos réus políticos já condenados estiveram em reuniões com José Dirceu na Casa Civil. "O acervo probatório forma um grande mosaico no qual o acusado José Dirceu é o grande negociador do esquema de apoio político, uma vez que dependia de sua atuação na Casa Civil a formação da base aliada. Utilizou-se os bancos Rural e BMG, que disponibilizaram R$ 55 milhões nas contas de Marcos Valério e seus sócios e, uma vez disponível o numerário nas contas, os réus atuaram de forma que os recursos fossem distribuídos a parlamentares sugeridos pelo ministro por meio de Delúbio Soares", afirmou ele. O relator destacou ainda que os bancos citados no caso esperavam ser beneficiados pelo governo. O BMG foi privilegiado na concessão de crédito consignado a aposentados. O Rural, além do caso do banco Mercantil de Pernambuco, tinha também interesse em ser excluído nas investigações da CPI do Banestado, que tinha o petista José Mentor como relator. Ele, aliás, é alvo de outro inquérito paralelo que é uma continuidade do caso do Mensalão do PT.

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