terça-feira, 4 de setembro de 2012

Governo Dilma obrigado a recorrer ao Exército para transporte de milho

Faltam caminhões para o transporte de milho para regiões com déficit de oferta do cereal, e o governo petista de Dilma Rousseff se vê obrigado a recorrer ao Exército em uma numa tentativa de aliviar a situação de criadores de aves e suínos que sofrem com preços altos dos insumos, disse nesta terça-feira o ministro da Agricultura, Mendes Ribeiro Filho, durante evento em São Paulo. Ele observou que a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) vem encontrando dificuldade para transportar milho dos estoques públicos para as regiões Sul e Nordeste, com déficit de abastecimento, no momento em que os preços estão em alta, na esteira dos patamares recordes do mercado global. Portarias interministeriais já autorizaram a remoção de 400 mil toneladas de milho para atendimento a pequenos criadores e novas ações estão sendo desenvolvidas para aliviar a escassez em determinadas áreas do País. "Pedi ao presidente da Conab e à diretoria que empenhassem todos os esforços, inclusive recorrendo ao próprio Exército, para auxiliar no deslocamento do milho do Mato Grosso para os Estados do Nordeste e do Sul", afirmou o ministro, após evento na Sociedade Rural Brasileira, em São Paulo. Ele lembrou que uma greve de caminhoneiros ao final de julho afetou o transporte do produto, no momento em que a demanda por caminhões é grande, com o Brasil tentando escoar uma produção recorde de milho e buscando exportar os maiores volumes da história. Embora a safra 2011/12 de milho esteja estimada em um recorde superior a 70 milhões de toneladas, algumas áreas do País não são produtoras ou sofreram os efeitos de uma estiagem severa no início do ano, como é o caso do Rio Grande do Sul. O ministro não foi claro sobre a extensão da ajuda que o Exército dará para o escoamento do cereal, mas indicou que ela será restrita a programas que envolvem o apoio da Conab no abastecimento. A ação ocorre no momento em que criadores de animais e indústrias de carnes estão com margens apertadas, em função da alta dos insumos, e já cortam a produção. A situação revela ainda os problemas de infraestrutura e logística do Brasil, especialmente em momentos de grande demanda externa e de safra grande. "É preciso entender uma coisa, que o milho chega não na velocidade que precisa chegar, até porque não existe transporte para isso. Não há como convencer o proprietário do caminhão. O caminhoneiro não quer ir com milho e voltar vazio. Isso é uma dificuldade de estrutura", comentou Mendes Ribeiro Filho. Por isso, além do Exército, a Conab também está buscando o apoio dos governos estaduais. O ministro disse que mais recursos para incrementar o programa de escoamento já foram reinvindicados junto ao Ministério da Fazenda. Mendes Ribeiro Filho afirmou ainda que teve garantias da indústria de soja de que não faltará o produto para o abastecimento do mercado interno na entressafra neste ano, após grandes volumes terem sido exportados. A indústria de soja também afirmou em nota ao final de agosto que não faltará farelo de soja para compor a ração das criações. No acumulado do ano até agosto, as exportações de soja em grão do Brasil somam 29,93 milhões de toneladas, volume que se aproxima da estimativa de embarques da indústria, de 30,5 milhões de toneladas, para todo o ano. No mesmo período do ano passado, os embarques de soja tinham somado 25,5 milhões de toneladas, segundo dados do governo do Brasil. O ministro reafirmou que o Brasil terá uma safra recorde em 2011/12, e que há sinais que indicam no mesmo sentido no próximo ano, com os agricultores investindo de olho nos bons preços dos grãos. Com os preços recordes, o plantio de soja, por exemplo, será recorde na temporada 2012/13.

Nenhum comentário: