quarta-feira, 12 de setembro de 2012

Assistência jurídica a famílias de baixa renda consagrou suplente da socialite Marta Suplicy

De procurador da Assembléia Legislativa nos anos 1980 a senador da República, Antonio Carlos Rodrigues, de 62 anos, se tornou o maior expoente do clientelismo político que sobrevive, e com sucesso, nas periferias paulistanas. Há 11 anos na Câmara Municipal de São Paulo, quatro deles como presidente, Carlinhos, como é conhecido, criou cargos e gratificações para aliados, enfrentou promotores e obrigou prefeitos a cederem verbas em subprefeituras para seu grupo político, o "centrão". Rodrigues é suplente de Marta Suplicy (PT) no Senado e vai assumir sua vaga quando a petista assumir o Ministério da Cultura. Ao oferecer assistência jurídica a milhares de famílias de baixa renda do Campo Limpo, área pobre da zona sul, também consolidou um "feudo" onde nenhum outro político ousa pedir votos. Em 2001, quando foi eleito pela primeira vez, prestava ajuda em 729 processos, de separações a pedidos de transferências de presos. "Hoje em dia cuido de uns 40 processos, dá muito trabalho, pego pouca coisa", afirma. Ainda chamado de "presidente" pelos parlamentares e funcionários da Câmara, Carlinhos sempre foi generoso com os amigos. Criou em 2007, como presidente da Câmara, o projeto batizado de "trem da alegria", cujas benesses aos aliados incluíam gratificações, cargos e reajustes nas verbas de gabinete. Na sua região, no Campo Limpo, é padrinho de times de futebol de várzea e aliado de mais de 20 padres. Também é presidente de honra da escola de samba Mancha Verde e conselheiro do Palmeiras. "Eu não tenho culpa se o Ademir da Guia está na quadra da escola e o presidente vai ao microfone para dizer que o vereador da Mancha sou eu", gaba-se. Também patrocina casamentos comunitários e auxilia mães a arrumarem vagas em creches. A truculência com os desafetos, porém, é outra marca característica. Seu maior inimigo se tornou o vereador Antonio Goulart (PSD), aliado de mais de duas décadas que resolveu apoiar o candidato José Police Neto (PSD) na eleição da presidência da Câmara em 2011. Nas comissões e em rodas de amigos, faz questão de chamar Goulart pelo seu sobrenome Reis, em referência a Joaquim Silvério dos Reis (1756-1819), um dos delatores da Inconfidência Mineira. "Não conheço nenhum Goulart, só conheço o Reis", costuma dizer. Os assessores do parlamentar temiam nessa terça-feira, 12, que as matérias sobre sua chegada ao Senado lembrassem a ação da qual foi alvo do Ministério Público Estadual. Ele chegou a ser condenado pelo Tribunal de Justiça de São Paulo a devolver R$ 32,7 milhões aos cofres da EMTU, empresa da qual foi presidente no início dos anos 1990. No final de 2010, porém, o caso chegou ao Supremo Tribunal Federal, que acatou recurso do vereador contra a decisão de segunda instância. Na atual campanha, Carlinhos evitou colocar o nome do candidato José Serra (PSDB) nas suas placas, apesar de apoiar a coligação do tucano.

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