segunda-feira, 13 de agosto de 2012

Revista Forbes diz que brasileiros se deixam enganar ao pagar caro por carro

“Desculpem, Brazukas… Não há status em um Toyota Corolla, Honda Civic, Jeep Grand or Dodge Durango. Não se deixe enganar pagando o preço de tabela. Definitivamente, você está sendo enganado”. Nesse tom jocoso e irônico, o jornalista Kenneth Rapoza, da revista Forbes, conta aos leitores do seu blog o que ele pensa dos altos preços de carros no Brasil. A tese dele é de que os impostos altos e a ingenuidade dos consumidores, que aceitam pagar caro por acreditar que os veículos são sinal de status social, explicam por que os automóveis chegam a custar três vezes mais no País do que nos Estados Unidos. “Alguém pode achar que se um Jeep Grand Cherokee custa US$ 80 mil significa que ele vem equipado com asas e com rodas banhadas a ouro. Mas, no Brasil, ele vem na versão básica”, afirma o jornalista. O veículo citado custa, na verdade, ainda mais no mercado brasileiro: US$ 89,5 mil. Já nos Estados Unidos sai por US$ 28 mil. Rapoza lembra que, além de pagar mais, os brasileiros ganham menos. No caso do carro mencionado, o preço nos Estados Unidos equivale a metade da renda anual média dos americanos. Já o valor cobrado no Brasil corresponde a mais do que o salário de um ano de um morador do País. Curioso é que Rapoza sugere a leitura de um artigo do site Notícias Automotivas que defende uma tese bem diferente da dele. O texto do portal brasileiro enfatiza o lucro das montadoras, não os impostos, como uma razão do preço alto do carro. O que acontece, conforme escrevi em outra oportunidade, é que tanto o “custo Brasil” (no qual se incluem os impostos) como o “lucro Brasil” explicam a situação. Aqui, os impostos sobre automóveis são bem mais altos que nos EUA e na Europa. Eles equivalem a 30,4% do preço médio de um carro, segundo a Anfavea (associação dos fabricantes nacionais). Na Itália, no Reino Unido, na França e na Alemanha, essa proporção varia entre 15% e 17%. Nos Japao, é de 9,1%; nos EUA, de 6,1%. Pior é que, mesmo se descontarmos os impostos, os carros aqui continuam mais caros do que nos EUA e na Europa, conforme um levantamento que fiz com ajuda do consultor Luiz Carlos Augusto, especializado em veículos, há um ano. Considerando os dados desse estudo da Anfavea, o Chevrolet Malibu, por exemplo, custaria R$ 57.176,00 sem impostos, preço mais alto do que os R$ 38.840 cobrados nos EUA (com impostos). Também reforça a tese de que os fabricantes conseguem ganhar mais em cima dos consumidores brasileiros um estudo do banco Morgan Stanley. A instituição financeira concluiu: “Os dias de lucros mais altos que o normal vindos das montadoras do Brasil parecem estar chegando ao fim. As margens de lucro devem ficar sob pressão”. Essa estudo indica que, historicamente, quatro maiores montadoras instaladas no Brasil dominavam o mercado nacional com folga, mas agora, com a concorrência dos veículos asiáticos, as margens de lucro tendem a cair.

Um comentário:

Carlos U Pozzobon disse...

Nossos produtos possuem custos embutidos que são uma espécie de "reserva cultural". Para se proteger, a indústria aumenta os preços para enfrentar possíveis gastos com a truculência trabalhista, a fiscalização corrupta, a mão de obra malandra e improdutiva , a intransigência sindical e assim por diante. Como a ordem social está sujeita a todo o tipo de depredação impune, os preços sobem para compor a reserva que garanta a continuidade do negócio. Reformas? Ora bolas, quem vai mexer neste vespeiro?