segunda-feira, 13 de agosto de 2012

Filho sueco de Garrincha fala com orgulho de pai que não conheceu

Único filho homem vivo de Garrincha, o sueco Ulf Lindberg fala com orgulho do pai que nunca viu. "Não há ninguém como Garrincha", disse Ulf em sua casa em Halmstad, no litoral oeste da Suécia. Seu estilo de jogar era e sempre será único", acrescentou ele. Ulf classificou como uma "catástrofe total" a atuação da seleção brasileira na final da Olimpíada de Londres, no sábado, que deu vitória ao México por 2 a 1. "Fiquei furioso. A seleção jogou constrangedoramente mal. Foi uma catástrofe total. E apesar de Pelé ter dito que Neymar é tão bom quanto Messi, não foi isso que vimos no gramado", desabafou. Ulf nasceu de uma aventura amorosa de Garrincha (1933-1983) com uma jovem sueca em 1959, durante uma excursão do Botafogo na Suécia. Nesta terca-feira, ele chega a Estocolmo como convidado especial das cerimônias de despedida a Råsunda, a arena em que o pai brilhou na final da Copa de 1958. "Råsunda é um símbolo marcante da história de meu pai e do futebol brasileiro. Mas, para mim, o estádio mais importante é o de Umeå (cidade do Norte da Suécia): foi em Umeå que Garrincha foi jogar em1959 com o Botafogo. E graças a isso eu existo", brinca Ulf. A mãe o entregou em adoção para uma família sueca de classe média quando ele tinha apenas nove meses de idade. Aos sete anos, veio a revelação: os pais adotivos contaram a ele que seu pai era Mané Garrincha, que encantava multidões nos estádios de futebol. Mas o encontro de pai e filho nunca aconteceu. "Lamento muito nunca tê-lo encontrado. Até hoje, muitas vezes me pego pensando em como seria bom poder ter conhecido meu pai. E estar com ele agora, dizer o quanto o admiro. Mas não foi possível. Infelizmente, ele tinha problemas sérios com o álcool. Se não fosse por isso, poderia estar hoje aqui entre nós, comemorando o reencontro com os companheiros de 58", disse Ulf. A cerimônia de despedida de Råsunda será uma oportunidade de conhecer um pouco mais sobre o pai. Ulf aguarda pelo momento de encontrar, pela primeira vez, seu ídolo Pelé: "Quero perguntar a ele o quanto bom de bola meu pai era. Mas quero saber principalmente como Garrincha era como pessoa. Vai ser bom encontrar também seus outros amigos de 58, e ouvir suas histórias sobre meu pai. Quero ter lembranças positivas dele". Aos 52 anos, divorciado, o filho de Garrincha ganha a vida trabalhando em um quiosque de salsichas de Halmstad. Nem Ulf nem os quatro filhos - Jonas, de 25 anos, Martin, de 22, e os gêmeos Hendrik e Linnea, de 14 anos - falam português. Mas a paixão pelo futebol é quase unânime. "Só o Jonas não joga", diz Ulf, que por sua vez teve sua tentativa de jogar futebol frustrada por uma doença óssea na adolescência. Martin sofreu lesões sérias no joelho durante um treino há dois anos e meio, e só recentemente voltou a treinar como meio-campo no Oskarströms, um pequeno clube nos arredores de Halmstad. Apesar da sua gritante semelhança física com o pai, segundo Ulf nem ele nem Martin têm as pernas tortas de Garrincha: "São só ligeiramente tortas, não são como as de meu pai", diz ele.

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