terça-feira, 7 de agosto de 2012

Falta de leito obriga hospital de Canguçu a improvisar berçário na recepção da maternidade

Uma estrutura de emergência precisou ser improvisada na recepção da ala dos recém-nascidos do Hospital de Caridade de Canguçu, no sul do Estado, para salvar gêmeos prematuros que nasceram na noite de segunda-feira. Os dois meninos, cada um com 600 gramas, sobrevivem desde as 22h30min em uma incubadora, respiram com a ajuda de oxigênio e têm cuidado exclusivo de uma equipe médica. O improviso é fruto de uma espera de mais de 10 dias, quando a mãe dos bebês deu entrada no hospital e teve início uma peregrinação por leito em instituições de saúde do Estado equipadas com UTI neonatal. A doméstica do município de Piratini, Andrizi Quevedo, 25 anos, chegou em Canguçu em trabalho de parto. Os médicos conseguiram segurar a gestação até a 26ª semana. Na noite de segunda-feira, ou os bebês nasciam ou os três, mãe e meninos, corriam o risco de perder a vida. A estrutura de emergência foi montada pelo médico responsável pela pediatria do hospital, Benhur Batista, em seguida ao nascimento dos bebês. "Nós sabemos que não é permitido ter uma estrutura dessas no hospital. Mas, nesse caso, tempo é vida, se não fizéssemos nada certamente os bebês não sobreviveriam. Isso que está acontecendo aqui é um ato heróico", disse o médico. Por volta das 8 horas desta terça-feira, a Central de Regulação de Leitos do Estado informou que os recém-nascidos poderiam ser encaminhados para o hospital de Bagé. Porém, começava mais uma peregrinação: não havia UTI móvel e equipada com médicos especialistas para fazer o transporte. Somente por volta das 13h30min uma ambulância deixou Santana do Livramento, na Fronteira Oeste, para fazer o resgate em Canguçu, em uma uma viagem de mais de 400 quilômetros com previsão de chegada para o final da tarde. Até Bagé serão mais três horas de viagem. Interditada, a UTI neonatal do hospital se localiza no mesmo andar onde foi improvisada a estrutura de emergência O Hospital de Caridade de Canguçu tem a sua própria UTI neonatal e se localiza no mesmo andar onde foi improvisada a estrutura de emergência montada para salvar os bebês. Porém, a unidade está interditada desde fevereiro passado. Na época, a Secretaria Estadual de Saúde alegou que não havia médicos suficientes para atender os 10 leitos disponíveis via Sistema Único de Saúde (SUS). A UTI neonatal começou a funcionar com dois médicos e, depois de algum tempo, contava com quatro, quando o número exigido pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) seria oito médicos para cuidar de 10 pacientes (a capacidade do local).

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