terça-feira, 10 de julho de 2012

Prefeito petista Raul Filho nega ter recebido doação de Cachoeira

O prefeito de Palmas, Raul Filho (PT), negou, em depoimento nesta terça-feira à CPI do Cachoeira, ter recebido doação de R$ 150 mil do contraventor Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira. Em um vídeo gravado em 2004 e divulgado pelo Fantástico, da TV Globo, o contraventor fala que iria doar essa quantia para a campanha do então candidato. "Nem em 2004, nem 2008, não vai constar nenhum tipo de apoio ou doação, seja do senhor Carlos Cachoeira ou da própria Delta. Nós nunca tivemos qualquer tipo de relacionamento, nem intimidade para buscar qualquer tipo de apoio", afirmou. Na gravação, Silvio Roberto, um amigo de longa data do prefeito, negociou a transferência do valor. Segundo o prefeito, Silvio lhe garantiu posteriormente que não recebeu esses recursos e disse que, se for preciso, está pronto para testemunhar. Raul Filho disse que o show do cantor Amado Batista, durante um comício de campanha, não foi pago por Cachoeira, conforme sugestão feita pelo contraventor na gravação. Segundo ele, o show foi pago por uma empresa de Araguaína (TO), da qual não se recorda o nome. O prefeito disse que mostrou a Cachoeira uma pesquisa de intenção de voto que o apontava bem colocado para tentar "estimular o empresário a ajudar". Ele reconheceu que tentou criar uma "falsa expectativa" para fazer Cachoeira contribuir com a campanha. O prefeito de Palmas afirmou que esteve duas vezes com Cachoeira. A última foi no dia da gravação, no ano de 2004, realizada em Anápolis (GO). A anterior ocorreu em 1994, em Goiânia (GO), quando foi apresentado a Cachoeira por um colega que era candidato a deputado. O deputado Carlos Sampaio (PSDB-SP) foi duro com a postura adotada pelo prefeito petista na CPI. "Deslocar-se, reunir com um contraventor que na época se dizia empresário, ele (Cachoeira) diz que vai ajudar, o senhor oferece facilidades no governo e aí não lembra que ele ajudou. Sou obrigado a achar que ele contribuiu com caixa dois", afirmou. Pouco antes, o secretário de Desenvolvimento Social da prefeitura de Palmas, Robledo Suarte, foi retirado da comissão. Durante a reunião, Suarte questionou o fato de o líder do PPS, Rubens Bueno (PR), ter dito no início da reunião que não tinha visto o vídeo, mas, depois, ter feito perguntas com base nele. Após protesto dos oposicionistas da CPI, o vice-presidente, deputado federal Paulo Teixeira (PT-SP), sugeriu a saída de Suarte. O relator da CPI do Cachoeira, deputado Odair Cunha (PT-MG), afirmou que o depoimento do prefeito de Palmas, o correligionário Raul Filho, nesta terça-feira, "não convenceu", o que levará a comissão a aprofundar as investigações. Segundo Cunha, Raul Filho não foi "firme" nas suas declarações, contradizendo-se várias vezes durante o encontro. "O depoimento não convence e impõe que a investigação continue sendo feita na medida em que os elementos e os indícios são muito contundentes. Há contradições no depoimento do prefeito que impõem que a investigação prossiga", afirmou o relator. O momento mais delicado do depoimento ocorreu quando Raul Filho admitiu que uma assessora parlamentar da primeira-dama de Palmas, a deputada estadual Solange Duailibe (PT), recebeu um depósito de R$ 120 mil feito pela Delta Construções. Ligada a Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, a empreiteira mantém contrato de lixo com a prefeitura de Palmas desde 2005. O prefeito de Palmas, que não contou com nenhuma manifestação de apoio dos petistas durante a reunião, também deixou sem respostas ou prestou esclarecimentos evasivos a várias perguntas sobre a atuação de Cachoeira e da Delta no Estado. O relator da CPI lembrou o fato de uma cunhada do prefeito, Kênia Duailibe, ter sido a presidente da Comissão de Licitação responsável pela contratação da empreiteira. "Quando você investiga uma organização criminosa, você busca estabelecer vínculos e os vínculos sociais são elementos que formam a investigação. É um vínculo e um elemento importante", disse ele. Para Cunha, o "mais revelador" é o fato de haver um padrão de atuação da organização criminosa comandada por Cachoeira, que "financia campanhas eleitorais em troca de benefícios contratuais".

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