segunda-feira, 23 de julho de 2012

Ministro da Justiça cobra da Polícia Federal a identificação de corpos das vítimas da ditadura

O ministro da Justiça, o petista José Eduardo Cardozo, cobrou explicações à Polícia Federal sobre a identificação de corpos de vítimas da ditadura. Pressionado por críticas ao trabalho da corporação, responsável por fazer exames de DNA em ossadas de possíveis desaparecidos e auxiliar nas buscas, ele informou que aguarda esclarecimentos para se posicionar sobre o caso e tomar eventuais providências. Ofício da Comissão da Verdade ao ministro pede informações sobre o estágio das expedições e dos testes em corpos, além dos resultados já obtidos. O motivo é documento do Ministério Público Federal, com acusações à Secretaria de Direitos Humanos da Presidência e à Comissão Especial de Mortos e Desaparecidos Políticos. A Polícia Federal é parceira dos dois órgãos no trabalho de identificação. O relatório menciona as dificuldades para encontrar mortos e desaparecidos nos cemitérios de Vila Formosa e Dom Bosco, no bairro de Perus. Separadas em 1990, 1.049 ossadas estão desde 2001 no Cemitério do Araçá (SP), sem qualquer tipo de exame. O Ministério Público cita os casos de Hiroaki Torigoe, que, apesar da indicação das ossadas, não entrou na pauta da comissão; e Aylton Mortati, cujos restos mortais aguardam a finalização de testes antropológicos e de DNA desde 2010. Cópia do relatório foi enviada a José Eduardo Cardozo. Presidente do Grupo Tortura Nunca Mais no Rio de Janeiro, grupo formado por familiares de vítimas da ditadura, Vitória Grabois diz que tem faltado vontade política para dar à comissão e seus parceiros melhores condições. "Ela existe desde 1995 e fez muito pouco. No princípio, trabalhou exaustivamente para a indenização de famílias. Mas nunca teve pessoal suficiente para trabalhar em buscas e identificação, apesar da boa vontade dos integrantes", comentou.

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