quarta-feira, 4 de julho de 2012

Historiadora diz que Hitler protegeu jurista judeu da perseguição dos seus nazistas

Uma historiadora alemã sustenta que Adolf Hitler defendeu pessoalmente um jurista judeu, seu antigo superior militar na I Guerra Mundial, e o protegeu, pelo menos temporariamente, da perseguição nazista, segundo um relatório publicado nesta quarta-feira pelo jornal Jewish Voice from Germany. Segundo a especialista Susanne Mauss, Ernst Hess trabalhava como juiz em Düsseldorf e tinha sido comandante da companhia na qual Hitler combateu na I Guerra Mundial. Ele esteve a salvo até 1941 graças à intervenção pessoal em seu favor do ditador nazista. O caso está documentado em uma carta datada de agosto de 1940 do comandante das SS, Heinrich Himmler, na qual ordenava a todas as autoridades nazistas "deixar Hess tranquilo, em todos os sentidos, segundo o desejo do Führer". Durante a desapropriação de bens pertencentes a judeus em favor de cidadãos de origem "ariana", Hess (1890-1983) foi suspenso como juiz, depois se mudou com sua família em 1936 para Bolzano, no Tirol italiano, afirma a historiadora. Segundo a carta de Himmler, Hess entrou em contato com Hitler através de um companheiro de guerra em comum, o capitão Fritz Wiedemann, que entre 1934 e 1939 foi ajudante do ditador. Também por carta, Hess, convertido ao protestantismo, pedia para ser considerado, segundo as leis raciais de Nuremberg, como cidadão "semi-judeu" e não inteiramente judeu. Embora Hitler tenha rejeitado a solicitação, ordenou às autoridades através de Himmler para transferir a pensão de Hess para a Itália. Além disso, juiz foi aliviado da obrigação de levar o nome de "Israel", que o identificava como judeu, e recebeu um novo passaporte em março de 1939 sem a letra "J" (de judeu) impressa em vermelho. O chefe da Chancelaria do Reich, Hans Heinrich Lammers, e o cônsul geral alemão na Itália, Otto Bene, também intercederam por Hess. Depois do pacto entre Hitler e Benito Mussolini e a italianização fascista do sul do Tirol, a família Hess se viu obrigada a retornar à Alemanha, em 1939, e se transferiu para o povoado bávaro de Unterwössen. Em 1941, Hess recebeu a notícia de que já não estava sob a proteção de Hitler e foi internado no campo de concentração de Milbertshofen, próximo de Munique, onde teve que realizar trabalhos forçados. Segundo a historiadora, seu casamento com Margarethe, uma mulher não judia, o salvou da deportação, enquanto sua filha foi obrigada a realizar trabalhos forçados para uma companhia elétrica. No entanto, a mãe de Hess, Elisabeth, e sua irmã Berta, foram deportadas por ordem de Adolf Eichmann, artífice do plano de extermínio judeu. Berta morreu no campo de extermínio de Auschwitz, enquanto a mãe conseguiu fugir nas últimas semanas da guerra do campo de concentração de Theresienstadt para a Suíça. Depois da guerra, Hess se tornou presidente de uma companhia ferroviária na cidade de Frankfurt. A historiadora descobriu no arquivo regional da Renânia do Norte-Wesfalia o revelador documento durante os preparativos de uma exposição no ano passado. Até o momento só se conhecia outro caso em que Hitler intercedeu por um judeu: o médico de sua mãe, Eduard Bloch, da cidade austríaca de Linz, que até sua emigração, em 1940, teria estado sob a proteção do ditador.

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