quarta-feira, 11 de julho de 2012

Copom inicia reunião sobre juro, e há expectativa de queda da taxa para 8%

O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central iniciou nesta terça-feira a quinta reunião do ano com o objetivo aplicar mais uma redução da taxa básica de juro, também conhecida como taxa Selic, que remunera os títulos públicos depositados no Sistema Especial de Liquidação e Custódia (Selic). Mas, a queda da Selic "não é mais vista como o principal gargalo da economia", de acordo com Samy Dana, professor da Escola de Economia da Fundação Getulio Vargas de São Paulo (FGV-SP). A taxa está em 8,50% ao ano, a mais baixa da história do Copom, criado em junho de 1996 e, de acordo com expectativa da maioria dos analistas financeiros, deve cair para 8% ao final da segunda etapa da reunião do colegiado de diretores do Banco Centra, nesta quarta-feira à noite. Dana ressalta, porém, que a reativação econômica do País exige, antes de mais nada, uma reforma tributária e a promoção da indústria, somadas a investimentos em educação, inovação e infraestrutura em geral. Segundo o especialista, "o governo tem que agir mais do lado da oferta do que da demanda", uma vez que a capacidade de consumo das famílias hoje é bem pequena. Lembra também que, como a indústria apresenta números negativos desde o início do segundo semestre do ano passado, com redução da oferta de empregos há oito meses, e não existem pressões inflacionárias à vista, por causa da fragilidade do mercado consumidor no Brasil e no Exterior, há espaço para mais reduções da Selic em reuniões futuras do Copom. Além de apostar na queda de 0,5% nesta reunião, Dana arrisca palpite de 7,25% no fechamento de 2012. Ele ressalta que o governo não terá dificuldades em controlar a inflação, uma vez que o País cresce pouco, e o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) deve terminar o ano próximo do centro da meta de 4,5%, definida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN). Enquanto a Selic cedeu quatro pontos percentuais (de 12,50% para 8,50%) de agosto do ano passado para cá, com queda de 32%, o efeito nos juros ao consumidor foi pequeno. Pesquisa da Fundação Procon de São Paulo mostra que nos últimos 12 meses, até maio, a taxa média mensal do empréstimo pessoal caiu apenas 6,30% (de 5,87% para 5,50%), e a taxa média do cheque especial cedeu 12,55% (caiu de 9,56% para 8,36% no período analisado). Em geral, todos os setores abusam das margens de lucros, e é preciso atuação forte do Banco Central para controlar mais a competição do setor bancário.

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