quarta-feira, 11 de julho de 2012

CNI reduz previsão de alta do PIB de 3% a 2,1% em 2012, e vai cair mais

Diante dos sinais claros de que a economia brasileira não está conseguindo se recuperar, a Confederação Nacional da Indústria (CNI) reduziu nesta quinta-feira a previsão de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) do País de 3 para 2,1% neste ano. O principal efeito é o menor crescimento da indústria, cuja previsão de expansão também foi cortada, de 2 para 1,6% no período, segundo a CNI. Essa deterioração das perspectivas ocorre mesmo com os seguidos cortes na taxa básica de juros, com o câmbio mais favorável e os diversos pacotes do governo para tentar reativar o crescimento da economia. "A crise internacional se aprofundou no fim de 2011 para cá, com recessão na zona do euro, crescimento americano mais moderado e com os emergentes em desaceleração. Com isso, a demanda mundial se retrai e afeta o Brasil", afirmou o gerente-executivo de Política Econômica da CNI, Flávio Castelo Branco. O pior desempenho da indústria vem do setor de transformação, que tem crescimento previsto em 1% neste ano, queda de 0,5% em relação à estimativa anterior. Já a área de construção civil tem alta prevista de 3%, contra 3,3% antes. Para Castelo Branco, o efeito da política monetária tem se mostrado menos eficaz devido à maior cautela do setor industrial em aumentar os investimentos. Mesmo assim, a CNI aposta em mais cortes na Selic, cuja previsão é encerrar o ano a 7,50%, contra 9% previstos antes. O consumo está dando sinais de dificuldades. As vendas no varejo brasileiro caíram em maio 0,8% frente a abril, a maior queda desde novembro de 2008. Esse cenário é apimentado pelo aumento da inadimplência dos consumidores, chegando a 6% em maio, maior nível desde o início da série histórica do Banco Central. Com isso, a CNI prevê que o consumo das famílias terá crescimento de 3,5% neste ano, 0,5% a menos do que na estimativa anterior. "Medidas de estímulo ao consumo estão mostrando efeitos mais limitados porque as famílias estão com comprometimento de renda mais elevado e a inadimplência segue alta. Então, a resposta desses estímulos são mais limitadas", disse Castelo Branco. O governo tem estimulado o consumo através de redução do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) para automóveis, linha branca, móveis e alguns artigos de decoração. A CNI também fez uma forte redução na previsão de expansão da Formação Bruta de Capital Fixo, uma medida de investimentos, de 5,6% para 2,5% neste ano. Para consumo das famílias, a perspectiva agora é de alta de 3,5%, contra 4,0% na projeção anterior. A CNI atualizou suas estimativas para deixá-las em linha com um cenário de agravamento do cenário mundial e com a lentidão da recuperação da economia brasileira. A entidade tem sustentado que a crise internacional é de longa duração por conta das dificuldades profundas na Europa e da recuperação econômica dos Estados Unidos ainda fraca. Com isso, a CNI passou a projetar que o dólar chegará no final de 2012 a 2 reais, contra 1,80 real na versão anterior. As contas para superávit comercial tiveram leve redução, de 20,8 bilhões de reais para 20,2 bilhões de reais, neste ano. Essa estimativa deve-se a uma piora nos dados esperados para o comércio exterior neste ano. As exportações foram rebaixadas de 275,4 bilhões para 263,2 bilhões de reais, enquanto que as importações, 254,6 bilhões para 243 bilhões de reais. Na semana passada, a CNI informou que a Utilização da Capacidade Instalada (UCI) na indústria brasileira caiu em maio para o pior nível desde setembro de 2009.

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