sábado, 23 de junho de 2012

Sindicalista desafia poder de Cristina Kirchner na Argentina

O chefe sindicatlista peronista Hugo Moyano assumiu na Argentina o papel de "líder da oposição" ao convocar greves e passeatas em um desafio à presidente Cristina Kirchhener. Moyano, que chefia a grande central operária CGT e do Sindicato de Caminhoneiros, pôs em xeque o governo esta semana com uma greve que durou dois dias e deixou o país à beira de um colapso no abastecimento de combustíveis. "O confronto entre Moyano e a presidente torna explícita uma divisão dentro do peronismo. Creio que Moyano vai tentar aprofundá-la e, sobretudo, levar à polarização", disse o sociólogo Manuel Mora y Araujo. O analista, presidente da consultoria IPSOS e vice-presidente da Universidade Torcuato Di Tella, disse que "não é certo se Moyano terá êxito ou não em aprofundar essa polarização". Com o objetivo de intensificar este conflito, o sindicalista convocou para a próxima quarta-feira uma greve nacional e uma marcha para a histórica Praça de Maio de seus seguidores caminhoneiros e de cerca de 50 associações aliadas da CGT. A disputa foi desencadeada pelo objetivo de Cristina Kirchner de retirar Moyano da liderança da CGT e apoiar a ascensão do líder dos metalúrgicos, Antonio Caló. O restante dos sindicatos da Confederação Geral do Trabalho (CGT), que tem 8 milhões de afiliados, se mantém em silêncio frente ao conflito e espera o congresso de renovação de autoridades no dia 12 de julho. Moyano ocupou com isso subitamente o vazio deixado por uma oposição em baixa desde o categórico triunfo eleitoral que levou à reeleição de Kirchner com 54% dos votos em 2011. Nem a segunda força legislativa, a social-democrata União Cívica Radical, nem a centro-esquerdista Frente Ampla Progressista, segundo nas eleições do ano passado, nem o peronismo dissidente, contam com figuras de peso. Moyano foi um aliado tático do falecido ex-presidente Néstor Kirchner (2003-2007) e de sua esposa e sucessora, cujo primeiro mandato foi entre 2007 e 2011. Mas a intenção do governo de retirá-lo da central operária, tradicional aliada dos governos peronistas, foi una declaração de guerra e as hostilidades tiveram início. O peronismo sempre foi um saco de gatos, que comporta de tudo, desde a direita mais fascista até grupelhos terroristas de esquerda, como Montoneros e ERP. Desde um Lopez Rega até um similar na outra banda como Mario Firmenich. A situação atual deixou de ser cômoda para Cristina Kirchner, com a perda de ritmo da economia, que crescia a 8% ao ano, e com previsões de uma recessão mesclada com uma explosiva inflação real de 25% anual, segundo as consultorias econômicas.

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