quarta-feira, 13 de junho de 2012

Ex-relator da CPI dos Correios lista na tribuna 12 provas contra José Dirceu


O relator da CPI dos Correios (2005-2006), deputado federal Osmar Serraglio (PMDB-PR), foi à tribuna da Câmara nesta quarta-feira para enumerar o que chamou de "a dúzia de provas" da participação do ex-ministro da Casa Civil, José Dirceu (PT-SP), no esquema do Mensalão do PT. A CPI relatada por Serraglio investigou o esquema entre 2005 e 2006 e solicitou o indiciamento de José Dirceu, dentre outros parlamentares. Serraglio disse estar "farto da alegação de que o mensalão é fantasia". A gota d'água, segundo ele, foi um artigo assinado pelo produtor de cinema Luiz Carlos Barreto, sob o título "Por qué no lo matan?", que faz a defesa de José Dirceu. "Certamente me amofina essa cantilena repetida de que o 'mensalão' fora uma farsa, como se a investigação não se realizou por parlamentares dos mais diversos matizes político-partidários", discursou o deputado. "Ainda agora assistimos José Dirceu concitando os jovens a se manifestarem diante de sua inocência", discursou o deputado. O deputado listou os seguintes indícios coletados tanto pela CPI quanto pelo processo do mensalão, que poderá ser levado a julgamento no Supremo Tribunal Federal no segundo semestre deste ano: 1) à época em que Dirceu era ministro, "nada ocorria sem o beneplácito do super-ministro, como era chamado na imprensa e nos corredores do poder"; 2) Roberto Jefferson, líder do PTB, "confessa que tratou por mais de dez vezes do mensalão com Dirceu"; 3) o publicitário mineiro Marcos Valério Fernandes de Souza "afirmou que ouviu de Delúbio Soares, ex-tesoureiro nacional do PT e da campanha presidencial de Lula em 2010, que Dirceu deu 'aval' aos empréstimos bancários que alimentaram o mensalão; 4) a mulher de Valério "assentou que Dirceu se reuniu com o presidente do Banco Rural no Hotel Ouro Minas para acertar os empréstimos do banco"; 5) Valério "arrumou emprego para a ex-mulher de Dirceu no banco BMG em São Paulo"; 6) um sócio do publicitário se "tornou 'comprador' do apartamento da ex-mulher de Dirceu em São Paulo"; 7) Valério "afirma que foi quem ajustou a audiência havida entre os diretores do BMG e o ministro Dirceu"; 8) segundo Valério, "Silvio Pereira (ex-secretário nacional do PT) lhe disse que José Dirceu sabia dos empréstimos junto aos bancos"; 9) a presidente do Banco Rural "declarou que Valério era um 'facilitador' das tratativas com o governo" e "disse mais, que 'Dirceu foi a única pessoa do governo com quem ela falou" sobre o interesse do Rural relativo à aquisição de parte do Banco Mercantil de Pernambuco; 10) o ex-deputado Jefferson "afirmou que, por orientação de Dirceu, houve encontro no Banco Espírito Santo, em Portugal, à busca de R$ 24 milhões"; 11) o ex-tesoureiro do PTB, "Emerson Palmieri relata que todas as tratativas eram ratificadas, ao final, por Dirceu; 12) a ex-secretária de Valério na agência de publicada em Belo Horizonte (MG), Karina Somaggio, "testemunhou que Valério mantinha contatos diretos com José Dirceu". Serraglio disse que a CPI ajudou a "abrir o caminho" para a eleição de Dilma Rousseff, em 2010, como sucessora de Lula, ao enfraquecer José Dirceu, nome natural dentro do PT, antes do escândalo, para uma eventual candidatura à Presidência. "De fato, na época, parecia que estávamos sob sistema parlamentarista. José Dirceu, ambicioso super-ministro, capitão do time, primeiro-ministro, inteligente e mefistofelicamente, confinava o migrante de Garanhuns, Lula, à sua dimensão sindical, tutelando-o, como se devesse ser o sucessor mais do que natural, inexorável, razão por que já atapetava a caminhada, fazendo-se onipresente e onisciente nas grandes decisões nacionais". O ex-relator disse que a "CPI dos Correios não se converterá em pizza. Nosso Judiciário não tem vocação para isso".

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