sexta-feira, 29 de junho de 2012

Depois de queda de 25% ontem, ações da OGX, de Eike Batista, voltaram a despencar nesta quinta-feira: - 19,52%

O principal índice da Bolsa de Valores de São Paulo, o Ibovespa, fechou em queda nesta quinta-feira, pressionado por um novo tombo da petroleira OGX e pelo clima de aversão ao risco nos mercados internacionais. Os investidores, que já se mostravam céticos com as perspectivas da cúpula da União Européia, que se iniciou nesta quinta-feira, e preocupados com a situação dos bancos, foram surpreendidos por uma nova onda de venda das ações da petrolífera do bilionário brasileiro Eike Batista. A ação ordinária (ON) da OGX, que abriu o pregão em queda de cerca de 6%, ampliou as perdas ao longo do dia. Os papéis chegaram a ceder 23% no meio da tarde, passando por leve recuperação no final do dia. As ações OGX ON fecharam o pregão com desvalorização de 19,52%, para 5,03 reais. O valor da ação já havia caído 25% na quarta-feira. O Ibovespa recuou 0,86%, para 52.652 pontos. O giro financeiro do pregão foi de 5,37 bilhões de reais. Ao longo do dia, os investidores também continuaram a se desfazer de outros papéis do grupo de Eike Batista. O preço da ação ordinária da MMX (a mineradora do empresário) recuou 17,91%, enquanto a cotação da LLX (companhia de logística de Eike Batista) caiu 10,31%, respectivamente, a segunda e a terceira maior queda entre os papéis que compõem a carteira teórica do Ibovespa. ”O mau humor do mercado com as ações do grupo continua forte”, disse o analista Erick Scott, da SLW Corretora: “A tendência é que o papel continue pressionado até que a empresa mostre resultados condizentes ou acima da expectativa". Os esforços do bilionário Eike Batista para acalmar investidores na noite de quarta-feira, por meio de uma teleconferência para explicar as estimativas de produção da OGX, surtiram pouco efeito e o mercado continua questionando as bases do programa de crescimento das empresas ‘X’. ”A teleconferência não adiantou, porque esse novo dado colocou em xeque a credibilidade do grupo”, afirmou Scott. Na noite de terça-feira, a OGX divulgou comunicado dizendo que a vazão de óleo nos primeiros poços perfurados pela empresa no campo Tubarão Azul (antigo Waimea), na bacia de Campos, é de 5 mil barris de óleo equivalente (boe) por dia, um volume muito menor que o estimado no início da sua perfuração em janeiro, entre 10 mil e 18 mil barris/dia. No começo do ano, a empresa chegou a prometer uma produção entre 40 mil e 50 mil barris diários ainda em 2012, mas adiou essa meta para o segundo trimestre de 2013. No comunicado de terça, a OGX disse que mais dois poços produtores e dois poços de injeção de água serão interligados nos próximos doze meses para aumentar gradativamente a produção de óleo do campo de Tubarão Azul. A divulgação da notícia sobre Tubarão Azul desencadeou uma onda de rebaixamentos de perspectivas por analistas de mercado. “Acreditamos que o baixo nível de produção em relação às expectativas coloca em dúvida todas as premissas por trás de todo o programa de crescimento da OGX”, escreveu a equipe de análise do Bank of America Merrill Lynch em relatório. O BofA Merrill Lynch cortou o preço-alvo para a ação da OGX de 19,50 reais para 7,30 reais e reduziu a recomendação de “neutra” para “underperform” (abaixo da média do mercado). No mesmo tom, o JPMorgan disse que o volume para os poços do campo de Tubarão Azul causa “grande incerteza sobre o potencial de petróleo recuperável” da OGX. Dependendo do sucesso de futuras perfurações e da capacidade de extração do óleo, o JPMorgan vê impacto negativo de 10% a 70% sobre o valor justo que atribui à OGX. Apesar da vazão menor, a OGX informou que continua confiante na recuperação dos 110 milhões de barris de óleo do campo de Tubarão Azul. A estimativa para todo o complexo de Waimea, que envolve outros campos, permanece entre 500 milhões e 900 milhões de barris.

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