segunda-feira, 11 de junho de 2012

Dados reforçam suspeitas sobre quadrilha de Cachoeira

Dados financeiros de aliados de Carlinhos Cachoeira mostram graves incompatibilidades entre os valores recebidos e as movimentações realizadas nos últimos anos. As informações, em poder da CPI do Cachoeira, são resultado da quebra dos sigilos fiscal e bancário de comparsas do contraventor. Um dos casos mais evidentes é o de Geovani Pereira da Silva, contador da quadrilha. Entre 2007 e 2010, ele obteve 81 465 reais de rendimentos. A movimentação financeira no período, entretanto, foi muito maior: 9,6 milhões de reais. “Verificam-se que os rendimentos declarados não suportam a elevada movimentação financeira”, diz o relatório da Receita enviado à Comissão Parlamentar de Inquérito. Os gastos de Geovani com cartões de crédito também são elevados: só em 2010, foram 197 500 reais destinados a essas despesas - nove vezes os rendimentos ao longo do ano. No caso de Gleyb Ferreira da Cruz, auxiliar direto de Cachoeira, as suspeitas são semelhantes. Em 2008, ele movimentou quase 500 000 reais. Mas os rendimentos no ano foram de apenas 20 355. Irregularidades similares foram ainda detectadas nas declarações de Cláudio Abreu, ex-diretor da Delta no Centro-Oeste. Em 2008, a chamada “variação patrimonial a descoberto”, sem justificativa, foi de 107 517 reais. Em 2010, a Receita constatou a existência de 284 941 reais sem origem comprovada. Os dados da Receita também confirmam a discrepância dos dados financeiros de Carlinhos Cachoeira. Os registros mostram que, entre 2007 e 2010, ele gastou 1,1 milhão apenas com o cartão de crédito. Os rendimentos, entretanto, não passaram de 172 000. A principal fonte de recursos para o contraventor era a nebulosa Bet Capital. A empresa repassou, em supostos empréstimos, 12, 9 milhões de reais ao contraventor entre 2007 e 2010. Metade do patrimônio da Bet Capital é controlada pela Bet Company, sediada na Coreia do Norte. Cachoeira, por sua vez, controla 49% da Bet Capital. O contraventor emprestou, no mesmo período, 5 milhões de reais a Andréa Aprígio, hoje sua ex-esposa, e 3,6 milhões ao irmão dela, Adriano Aprígio. Em 2009, Cachoeira declarou manter em um cofre na sua casa 1,3 milhões de reais. No ao seguinte, esse montante caiu para 276 000.

Nenhum comentário: