quinta-feira, 10 de maio de 2012

Procurador-geral da República relaciona críticas feitas por integrantes de CPI a "medo do mensalão", e advogado de Roberto Jefferson reage

Alvo de críticas por causa da postura que adotou diante das denúncias envolvendo as relações do empresário goiano Carlinhos Cachoeira com autoridades públicas, como o senador Demóstenes Torres (sem partido-GO), o procurador-geral da República, Roberto Gurgel, disse nesta quarta-feira que há pessoas interessadas em desmoralizá-lo por causa do julgamento do Mensalão do PT. Para Gurgel, "é compreensível que algumas pessoas ligadas a mensaleiros tenham essa postura de querer atacar o procurador-geral". Ele se referiu às criticas que recebeu por não ter apresentado, em 2009, denúncia ao Supremo Tribunal Federal contra o senador Demóstenes Torres, cuja relação com o empresário goiano Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, foi flagrada pela Operação Vegas, da Polícia Federal. Cachoeira é suspeito de comandar uma rede de exploração de jogos ilegais e de traficar influência. A informação veio à tona na terça-feira, durante depoimento do delegado federal Raul Alexandre Marques Sousa à CPI do Cachoeira. "O que nós temos são críticas de pessoas que estão morrendo de medo do julgamento do mensalão. São pessoas que, na verdade, aparentemente, estão muito pouco preocupadas com a questão do desvio de recursos e a corrupção", disse Gurgel. "São desvios de foco que eu classificaria, no mínimo, como curiosos", completou. Gurgel acredita que está em curso uma tentativa de imobilizá-lo para que não possa atuar devidamente tanto no caso Cachoeira e como no julgamento do mensalão, que deve ocorrer ainda este semestre. "É compreensível que algumas pessoas ligadas a mensaleiros tenham essa postura de querer atacar o procurador-geral e, até como já foi falado, atacar também ministros do Supremo com aquela afirmação falsa de que eu estaria investigando quatro ministros do Supremo", desabafou. Embora tenha evitado citar nomes de supostos detratores do Ministério Público, Gurgel fez uma relação direta entre as acusações contra ele e o processo do mensalão: "Eu apenas menciono que há pessoas que já foram alvo do Ministério Público e que, agora, compreensivelmente, querem retaliar porque foram atacadas pelo Ministério Público e que têm notória relação com pessoas como réus do mensalão". O advogado gaúcho Luiz Francisco Correa Barbosa, juiz de Direito aposentado, defensor de Roberto Jefferson no processo do Mensalão do PT, reagiu às declarações do procurador geral Roberto Gurgel, emitindo uma nota com o seguinte teor: "A defesa de Roberto Jefferson, réu no processo do Mensalão, a propósito da singular declaração do Procurador-Geral da República, Roberto Gurgel, de que sua discutida convocação à CPMI do Cachoeira se deveria a “medo de réus do julgamento Mensalão, representados na CPMI”, diz e faz claro o que segue: 1. Roberto Jefferson não tem representantes na dita CPMI; 2. Roberto Jefferson não teme o julgamento da ação penal do Mensalão; 3. Roberto Jefferson crê no direito e na Justiça; 4. Roberto Jefferson acredita que a singular declaração do PGR visa a, como seu antecessor, pressionar o STF no dito julgamento - que nada tem a ver com o objeto da CPMI do Cachoeira - e, assim, tentar ofuscar sua acusação descabelada que resultou sem provas, quanto a ele, que poderia ter sido excelente testemunha, desprezada para apresentá-lo como réu em ação incompleta e açodada, quiçá, por razões apenas institucionais; 5. Roberto Jefferson, assim, ressalva sua posição naquele processo e estranha a manobra diversionista que sugere temor do geralmente sereno PGR em explicar sua leniência, ao melhor, no caso de que trata a CPMI. Não há como misturar ao assuntos".

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